segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Anvisa discute a fiscalização dos tarjados

Foto: Reprodução Jornal Vicentino

Nas próximas semanas, o blog do CIM irá abordar uma questão importante dentro do contexto dos medicamentos: a fiscalização da Anvisa em relação aos medicamentos de tarja vermelha.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está promovendo uma discussão sobre as dificuldades na fiscalização da comercialização dos medicamentos tarjados. Na prática, significa que para comprar qualquer medicamento tarjado será necessário uma receita médica, como já determina a lei.  Para exemplificar, seria como precisar de uma receita médica para comprar um anti-inflamatório, ou seja, o usuário deveria passar por uma consulta médica primeiro. Esta questão atinge diretamente o sistema de saúde do País e reacende a polêmica discussão sobre automedicação.
Para dar início ao assunto, segue texto de Thaíris Alves de Queiroz, aluna do 4º semestre de Farmácia da UNISANTOS, sobre os medicamentos de tarja vermelha.


Medicamentos tarjados

Os medicamentos recebem tarja em suas embalagens para identificar com facilidade o grau de risco que o seu uso pode oferecer à saúde do paciente. Atualmente há duas cores para as tarjas, a vermelha e a preta. Uma terceira cor de tarja, a amarela, serve para identificar os medicamentos genéricos, mas não classifica o risco do uso, devendo ter também a tarja vermelha ou preta.  Os medicamentos sem tarja são chamados de MIPs – medicamentos isentos de prescrição- e podem ser vendidos livremente pelas farmácias.
Um medicamento tarjado sempre requer a prescrição do médico ou dentista, mas esse cuidado não tem sido respeitado no Brasil. Muitas vezes, os medicamentos tarjados podem ser comprados com facilidade como se fosse um alimento no supermercado. Medicamentos tarjados, cuja venda deva ser feita sob prescrição médica, representam cerca de 65% do mercado. E, ao mesmo tempo, são responsáveis por 75% dos casos de intoxicação por medicamentos, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
E você, já comprou medicamentos tarjados sem que lhe exigissem uma receita médica? É muito possível que sim. E por isso que o consumo errôneo e desenfreado de anti-inflamatórios, anticoncepcionais e muitos outros são comuns entre as pessoas que realizam automedicação. Medicamentos aparentemente simples, mas que sempre podem trazer riscos altos à saúde.
Para evitar os riscos de intoxicação, agravamento das doenças pela automedicação mal conduzida, uso excessivo e desnecessário de medicamentos, a Anvisa está lançando um movimento para modificar essa prática, a qual tem muitas causas e, portanto, de difícil solução. Não se respeita a legislação que já existe e não precisa ser criada, ignorando-se a indicação restritiva da tarja. Se por um lado há intensa pressão popular para que a venda ocorra, motivada pela carência de estrutura de assistência médica no Brasil, assim como culturalmente somos impelidos à automedicação, por outro não há controle rígido sobre a venda desses medicamentos tarjados.
Mas é impossível imaginar que o controle, por si só, irá resolver o problema. Uma estrutura já foi criada há tempos para um pequeno grupo de medicamentos. Ela é bastante complexa e não pode ser expandida para todos os medicamentos porque tornaria inviável a prática comercial das farmácias. Esse sistema engloba alguns medicamentos que recebem a tarja vermelha e todos com tarja preta. São medicamentos que necessitam da retenção da receita por produzirem reações adversas importantes. Alguns deles também podem causar dependência ou podem sofrer desvio de uso, quando se pretende apenas a mudança na sensação do comportamento como euforia ou relaxamento, sem indicação terapêutica adequada.
Por tudo isso, a  Anvisa quer garantir a exigência da receita na hora da compra desses medicamentos. Lembrando que já existe uma lei que obriga a apresentação da prescrição médica para a compra desses medicamentos. A Lei não é respeitada, raramente ocorre fiscalização e uma parte da população quer comprar medicamento sem a proecrição.
A intenção da Anvisa para mudar o quadro atual é criar um grupo de trabalho para discutir formas de garantir a exigência da receita na compra de medicamentos sujeitos à prescrição. A estimativa é de que, no início do próximo ano, as primeiras medidas sejam colocadas em prática. Entre as medidas que serão estudadas está a veiculação de campanhas de esclarecimento sobre os riscos do uso de medicamentos sem prescrição médica.
Essa iniciativa é muito importante, porque não opta apenas pela proibição, mas também quer educar, o esclarecimento é fundamental para que as pessoas possam tomar a decisão mais adequada.
Pense, reflita e reaja. Tome consciência de que  os medicamentos causam diversos efeitos e ações, podendo atingir vários  sistemas do nosso organismo, merecendo todo um cuidado ao ser consumido.

Abertura: Russel Dias / Texto: Thairis Alves de Queiroz




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