terça-feira, 18 de junho de 2013

Presente em remédios para emagrecer, sibutramina possui efeitos positivos e negativos

Recentemente, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) divulgou um estudo sobre obesidade publicado na revista “The Lancet”. Este estudo revela que a obesidade no mundo dobrou. Em 1980, a obesidade nos homens era de 4,8% e nas mulheres, de 7,9%. Já em 2008, a relação para os homens quase que dobrou (9,8%) e teve um aumento significativo para as mulheres (13,8%). Em números absolutos, quase meio bilhão de pessoas são obesas no mundo.

A obesidade pode trazer muitos males orgânicos, além de problemas estéticos. Pessoas obesas têm maior probabilidade de desenvolver doenças como pressão alta, diabetes, problemas nas articulações, dificuldades respiratórias, gota, pedras na vesícula e até algumas formas de câncer. Por isso, há grande necessidade em realizar esforços para tentar inverter esse quadro.

A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo causado, quase sempre, por um consumo de energia na alimentação superior àquela usada pelo organismo para sua manutenção e realização das atividades do dia a dia. Sendo assim a ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente. 

Desde 2011, só existe um tipo de medicamento eficaz permitido pela ANVISA no tratamento da obesidade, a sibutramina. É uma substância aplicada no tratamento de obesidade, vendida mediante prescrição médica controlada pela Portaria 344/98, integrante da lista B2. Criada inicialmente como um antidepressivo, a sibutramina age no sistema nervoso central, especialmente sobre dois neurotransmissores, a serotonina e a noradrenalina, inibindo a recaptação destes. 

O hipotálamo é a área cerebral responsável pela saciedade e também pela fome.A fome física é quando uma pessoa está sem comer por umas 4 a 5 horas. Com déficit de energia, ela precisa se alimentar, sendo saudável e necessário. Ao ingerir alimento, sinais químicos e nervosos sinalizam ao hipotálamo a introdução de alimentos/calorias, criando a sensação de saciedade, fazendo-o diminuir, naturalmente, a ingestão de alimentos. Um desses sinais é a dilatação do estômago. Com isso a pessoa sente-se satisfeita e para de comer. 

Maus hábitos de alimentação (ingestão de líquidos durante a refeição, comer muito rapidamente, consumir muitos alimentos industrializados, muito calóricos e pouco nutritivos, entre outros), que estimulem o indivíduo a comer demais, fazem com que o estômago se dilate ainda mais, gerando problemas para a sinalização para o fim da refeição. Podemos afirmar que a obesidade é um problema social causado por alterações de comportamento. Em vista disso, a intervenção do Estado assume capital importância. No Brasil, a Anvisa tem se preocupado com o assunto, estimulado a discussão do tema e emitido resoluções para o controle dos anorexígenos.
Como já mencionado, a sibutramina é a única substância liberada, porém o seu uso tem sido muito contestado pelos efeitos colaterais como aumento da pressão arterial, elevação da frequência cardíaca, dores de cabeça, boca seca, insônia e prisão de ventre. Efeitos resultantes do seu mecanismo de ação. A sibutramina provoca, no usuário, a sensação de saciedade, por ação serotoninérgica, além de controlar a fome por efeito adrenérgico.

Em 2011, a Anvisa emitiu a RDC 52/11 que dispõe  “sobre a proibição do uso das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol,seus sais e isômeros, bem como intermediários e medidas de controle da prescrição e dispensação de medicamentos que contenham a substância sibutramina, seus sais e isômeros, bem como intermediários e dá outras providências”. Essas resoluções são decisões da Diretoria Colegiada que é composta por cinco integrantes selecionados pelo Senado Federal. Suas decisões são feitas através de um sistema de colegiado.

A Anvisa estabeleceu a obrigatoriedade de profissionais da saúde, empresas detentoras de registro, farmácias e drogarias de notificarem, obrigatoriamente, o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária sobre casos de efeitos adversos relacionados ao uso de medicamentos que contêm sibutramina. Além disso, indicou a descontinuidade do uso da sibutramina em pacientes que não obtiverem resultados após quatro semanas de uso do produto e fixou em 15 mg a dosagem diária máxima do medicamento. O médico que prescrever o medicamento também deverá esclarecer o paciente sobre os riscos do uso, por meio de um termo de responsabilidade a ser assinado pelo profissional e pelo paciente. 

Em 2013 a Diretoria Colegiada da Anvisa decidiu manter a venda e o monitoramento de medicamentos à base de sibutramina no Brasil. A decisão, fundamentada em monitoramento do mercado nacional do referido medicamento ao longo de 2012, também sustentou as restrições já existentes para a venda do produto. Dessa forma, as regras para o uso da sibutramina permanecem as mesmas adotadas em outubro de 2011 pela RDC 52/11.

Isadora Dias Ribeiro Santos – 5º semestre de Farmácia


Referências

SANTOS, B. Número de Obesos no Mundo Quase Dobrou Desde 1980. ABESO.2011. Disponível em < http:/  /www.abeso.org.br/lenoticia  /650/numero+de+obesos+no+mundo+quase+ dobrou+desde+1980.shtml> Acesso em: 10 jun 2013

ABBOT LABORATÓRIOS. REDUCTIL®cloridrato de sibutramina monoidratado.Bula de medicamento. Disponível em <http://www4 .anvisa.gov.br/base/visadoc /BM/BM%5 B25274 -1-0%5D.PDF> Acesso em: 10 jun 2013

CARVALHO, E. Entenda o que é a sibutramina e os efeitos colaterais do tratamento. Disponível em <http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/05/entenda-o-que-e-sibutramina-e-os-efeitos-colaterais-do-tratamento.html .Acesso em: 10 jun 2013.

ANVISA.Resolução-RDC nº52/11, 6 de Outibro de 2011. Disponóvel em <http:// www.anvisa. gov.br/hotsite/anorexigenos/pdf/RDC%2052-2011%20DOU% 2010%20de%20 outubro%20de%202011.pdf. Acesso em 10 jun 2013

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