sexta-feira, 6 de junho de 2014

Quedas na terceira idade não devem ser consideradas naturais

Apesar de corriqueiras, as quedas não devem ser consideradas naturais da terceira idade, mas sim um problema de saúde pública. Comumente, geram fraturas em idosos devido à diminuída densidade óssea orquestrada por fatores hormonais. Esta possibilidade provoca medo de caminhar sozinho, desmotiva a realização de tarefas diárias, e gera diminuição da qualidade de vida.


A resposta ao uso de medicamentos por idosos é diferente das dos usuários mais jovens. Isso acontece porque cada faixa etária tem sua caracterização orgânica consoante à capacidade enzimática, hormonal e imunológica. O indivíduo, a partir de sessenta anos, tem gradativamente diminuídos estes fatores, que refletem em diversas alterações fisiológicas, a saber: menor atividade renal e hepática, redução da concentração, crescente perda muscular, maior suscetibilidade a infecções, entre outras. Nesta fase, as quedas podem ocorrer em número representativo, constituindo uma das principais causas de hospitalização e morte geriátrica.

A parte da dificuldade natural de locomoção e de equilíbrio por parte dos idosos há uma lista de medicamentos citados como inapropriados para essa faixa etária, comprometendo ainda mais o risco de queda. Assim sendo, sua prescrição deveria ser evitada nesses indivíduos. E ainda mais: os idosos apresentam um contexto de uso de muitos medicamentos, o que pode corroborar para o aumento no índice de quedas.

Medicamentos que atuem no sistema nervoso central, diminuindo suas funções e, portanto, comprometendo o equilíbrio podem ser listados como os antidepressivos, sedativos, medicamentos que ajudam a dormir (ansiolíticos) ou que podem induzir o sono (como os antialérgicos).

O carisoprodol, destacado aqui pelo grande consumo como relaxante muscular e associação a antigripais, é relatado como segunda maior causa de acidentes de trânsito, ficando atrás apenas do álcool. Seu uso único geralmente não traz problemas, já em uso crônico ou por pacientes com alterações no fígado ou rins, seus efeitos sobre o desempenho psicomotor são mais pronunciados.


Medicamentos pouco seguros para terceira idade:
Antidepressivos tricíclicos
Amitriptilina
Antiagregantes plaquetários
Dipiridamol; Ticlopidina
Antialérgicos
Dexclorfeniramina; Prometazina
Antagonistas dos receptores H2 da histamina
Cimetidina

Anti-hipertensivos
Nifedipino, Metildopa; Clonidina; Reserpina
Inibidores seletivos de recaptação da serotonina
Fluoxetina
Opioides
Propoxifeno; Pentazocina; Meperidina
Antibióticos
Nitrofurantoína
Antiinflamatórios
Fenilbutazona; Indometacina; Piroxicam; Tenoxicam; Naproxeno


Benzodiazepínicos
Diazepam; Flurazepam; Bromazepam; Clonazepam; Prometazina; Lorazepam > 3mg, Oxazepam >60mg; Alprazolam >2mg; Triazolam >0,25mg
Barbitúricos
Todos. São exemplos: Amobarbital; Fenobarbital; Tiopental.
Relaxantes musculares e antiespasmódicos
Carisoprodol; Ciclobenzaprina; Oxibutinina
Fonte: adaptado de Boletim Informativo Farmaco Vigilância.


Suzana Silva de Oliveira – 9º semestre Farmácia

Referências bibliográficas
REZENDE, C. P. et al.. Queda entre idosos no Brasil e sua relação com o uso de medicamentos: revisão sistemática. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro: ENSP, 2012. V.28, n.12.
PASSARELI, Maria Cristina G.. Medicamentos inapropriados para idosos: um grave problema de saúde pública. Boletim Informativo Farmaco Vigilância, São Paulo, n. 2, jun. 2006. Acesso em: 29 mai. 2014. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/bfarmaco_2.pdf>.

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