sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Medicamentos antivirais

Mais uma vez o mundo está assustado com o surto de Febre Hemorrágica Ebola pelo fato de ser fatal em mais de 90% dos casos. Até o momento, o surto está localizado na região oeste da África, porém, por não haver medicamentos disponíveis para tratamento, há o temor de se espalhar pelo mundo de forma descontrolada. O ebola é uma doença viral transmitida por animais selvagens, mas também pode ser passada entre os seres humanos, sem necessidade de um vetor, por meio de sangue e fluídos das pessoas infectadas.

O tratamento disponível, aplicado no momento, é o de suporte à vida, ou seja, apenas reidratação, não havendo nenhum medicamento ou vacina licenciados para serem administrados em humanos ou animais. Como o agente causal é vírus, o medicamento requer certa especificidade, não sendo possível a utilização de nada até então conhecido.

Os vírus não realizam processos metabólicos por si só. Eles necessitam incorporar o seu material genético no de uma célula hospedeira e forçá-la a produzir novas cópias de vírus, a partir da capacidade do metabolismo celular. Alguns vírus são capazes de multiplicar-se em diversas seres vivos diferentes, como o da dengue que é viável nos mosquitos e nos seres humanos. Isso é possível porque a viabilidade dos vírus depende de haver certas moléculas específicas na célula que permitam sua ligação. Para entender essa relação, é só pensar na semelhança entre a chave e a fechadura. Essa especificidade dificulta a ação dos medicamentos, pela necessidade de ser direcionada para um ponto do processo de infecção viral, seja ele na entrada do vírus na célula ou em seu processo de replicação, quando se multiplicam dentro da célula hospedeira.

Os medicamentos antivirais começaram a ser pesquisados nos anos de 1950. Nos anos de 1960 houve uma grande expansão nas pesquisas, as quais foram muito direcionadas para os medicamentos antirretrovirais, nos últimos anos. Os vírus promovem muitas doenças diferentes, gripe e resfriados, hepatites, herpes, HPV, HIV/Aids e muitos outras.

As pesquisas referentes ao ebola, em julho de 2014, ainda estão em fase inicial. As investigações estão em busca de prováveis moléculas que possam interferir no processo de replicação viral, porém ainda não há resultados convincentes e isso ainda está sendo pesquisado em pequenos animais. Há um longo e caro caminho a percorrer.

Outra estratégia estudada é o uso de anticorpos, os quais seriam capazes de neutralizar os vírus circulantes no organismo. Um estudo demonstrou 100% de cura em macacos quando administrado até 24 horas após a exposição e, após 48 horas, a capacidade de cura baixa para 50%. O tratamento ainda traz a vantagem de criar imunidade para impedir a doença quando em um segundo contato. Parece ser uma estratégia promissora, mas ainda não está pronto para ser aplicada em nível coletivo.

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da UNISANTOS
. O contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM (Avenida Conselheiro Nébias, 300), 11015-002.

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela UniSantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.

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