terça-feira, 23 de abril de 2013

Repelentes

A dengue não tem cura, nem vacina que garanta a imunidade. O controle do número de casos tem de ser feito pela diminuição da infestação do mosquito. Mas como transitamos por muitos espaços diferentes, sempre corremos o risco de sermos picados. Uma forma para diminuir essa possibilidade é o uso de repelentes. Os insetos utilizam-se de sensores térmicos e químicos próprios, muito sensíveis, que facilitam sua aproximação certeira na escolha do local da pele que picarão. Os repelentes tópicos, sintéticos ou naturais, aplicados na pele ou na roupa, são odores repulsivos aos insetos, afastando-os.

Cada um de nós tem uma química própria exalada pela pele, justificando porque os mosquitos tem maior predileção por uma ou outra pessoa. Essa química individual também compromete a eficácia dos repelentes. Como exemplo, podemos citar o efeito dos hormônios femininos que diminuem a ação dos repelentes, assim como a sudorese, o aumento na temperatura do ambiente e o uso de perfumes com notas florais.

Existem pelo menos três substâncias sintéticas com propriedades repelentes comercializadas no Brasil: EET, icaridina e IR3535. A Anvisa está alterando a regulamentação do setor e os fabricantes deverão trazer alertas específicos para o uso em crianças. Crianças com menos de dois anos não devem usar repelentes porque sempre haverá absorção pela pele e poderá provocar intoxicações. Orientações de agências de saúde dos Estados Unidos e da Europa recomendam que a aplicação de repelentes nessa faixa etária nunca deve ser mais de uma vez ao dia. Algumas agências estrangeiras contraindicam enfaticamente o uso em crianças com menos de seis meses.

Crianças acima de dois até os 12 anos não devem usar mais do que três vezes ao dia. As agências internacionais são mais restritivas, limitando a duas vezes. Durante o período de sono, dê preferência a repelentes domésticos como os elétricos e eletrônicos. Como o verão é longo, o uso diário contínuo em crianças também pode provocar casos de intoxicação. Nunca deixe a aplicação sob responsabilidade da criança, pois pode haver aplicação em excesso. A aplicação em spray ou por creme tem a mesma eficácia.

A citronela apresenta boa condição repelente, ainda que muitos estudos ainda precisem ser feitos para haver uma comparação adequada com os demais repelentes. Por outro lado não existe nenhuma indicação científica de que o uso de complexo B possa efetivamente repelir os mosquitos.

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe sua dúvida para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi

*Texto originalmente publicado no Jornal da Orla no dia 18/04/2013

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