segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Hiperatividade de crianças é confundida com animação


No começo deste ano, a Anvisa divulgou um estudo que mostra o aumento do consumo de metilfenidato, medicamento utilizado no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. O estudo diz que o consumo cresceu 75% entre crianças de 6 a 16 anos. No entanto, este crescimento nem sempre é justificado. Na verdade, há, muitas vezes, diagnósticos precipitados do déficit de atenção e da hiperatividade em crianças, e estes remédios são receitados sem levar em conta o estado do paciente.

A professora dos cursos de licenciaturas da UNISANTOS, Thaís dos Santos Lucas Gomes Rocha, diz que a “avaliação com mais profissionais é necessária. A criança é medicada sem entendimento maior da sua situação”. Thaís vê que de uns cinco anos para cá, os próprios professores diagnosticam alunos sem ter estas condições e que “os prejuízos são maiores do que aparentam”.

Como as crianças “já são acordadas com pressa, ela entra em um ritmo que a estimula a ser agitada”, e isto contribui para que, quando estão na escola, elas se sintam com muita energia. Além disso, as escolas que não permitem brincadeiras que gastem a energia acumulada atrapalham a criança neste sentido. “Quando ela vai brincar? Com 18 anos?”, pergunta Thaís, que ainda ressalta que o olhar dos professores “precisa ser o de entendimento e compreensão do desenvolvimento da criança”. Portanto, acalmá-la com medicamentos pode fazer com que ela ”fique mais lenta, perca vivência nas relações, não acompanhe o ritmo de aprendizado e perca a relação com professor e o convívio social”. 

 “Hiperatividade não é igual a agitação”, completa a professora, que entende que a carência de atenção das crianças em casa pode significar um comportamento muito agitado na escola.

 Espiritualidade - A filósofa, teóloga e professora da UNISANTOS, Mariza Galvão, compara o ritmo de vida do passado com o de hoje, em que “tem de se fazer tudo o mais rápido e a qualquer custo. É a sociedade da produção”. Ela diz que, neste agito constante, é difícil parar para se concentrar e talvez daí surja o que se considera o déficit de atenção.

Para contornar esta situação em que tudo tem uma velocidade acelerada, Mariza reforça que "a busca pelo espiritual, pelo silêncio, traz condições de parar, de observar, de se cuidar. É necessário tomar a decisão de ter tempo, de se prestar atenção em si mesmo e no outro”, finaliza.
Bruno Almeida - aluno do 4º semestre de Jornalismo

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