quarta-feira, 19 de março de 2014

O preço da modernidade

O medicamento mais moderno nem sempre é o mais eficaz, embora constantemente mais caro. Isso porque ao serem lançados no mercado, os fármacos têm incluídos no custo final os gastos oriundos de pesquisa, desenvolvimento, patenteamento, testes de segurança e marketing do fármaco, não dispensando lucros e alíquota adicional por carregar o “nome” do fabricante.

Diversos pesquisadores patrocinados por indústrias fabricantes chegarão a diferentes produtos, mais ou menos específicos para o combate a uma mesma doença, resultando também em variação de preço.
Estas drogas são agrupadas nas respectivas classes farmacêuticas segundo o mecanismo de ação. Exemplo disso são os antiulcerosos ranitidina e cimetidina, que pertencem à classe dos antagonistas H2, ou seja, possuem o mesmo padrão de absorção, ação nos receptores e excreção.


A classe farmacêutica inibidores da bomba protônica, representado pelo omeprazol, embora desenvolvido anteriormente (e por conseguinte mais barata), permanece sendo primeira linha de tratamento da úlcera por demonstrar eficácia clínica enquanto causa menos reações adversas que os antagonistas H2.

Ocorre que dois equivalentes terapêuticos, medicamentos que tratam com a mesma eficácia clínica uma doença, podem sofrer variações de preço exorbitantes.
Isso pode ser demonstrado pelos antiinflamatórios diclofenaco sódico e o diclofenaco potássico, virtualmente iguais em sua ação no organismo, com valores discrepantes em até 27 vezes segundo Rumel et. al (2006).

Os ansiolíticos das classes inibidores seletivos da recaptação de se­rotonina e os inibidores da recapta­ção de serotonina e noradrenalina são recomendados como primeira linha de tratamento, devido ao seu custo-benefício. No entanto os benzodiazepínicos, apesar do seu potencial de abuso, risco de dependência, e da incerteza da sua eficácia a longo prazo, lideram a lista dos 5 medicamentos controlados mais vendidos no Brasil.

A variação de preço chega 348% para os medicamentos contendo o benzodiazepínico alprazolam. Comparando-se o custo de tratamento mensal com os diversos ansiolíticos, é possível encontrar uma diferença da ordem de 680% (ANVISA, 2009-2012).

A classe inibidores da fosfodiesterase tipo 5, composta por lodenafila, sildenafila, vardenafila e tadalafila, trata a disfunção sexual. Há diferença de 56% entre o genérico mais barato e o referência para sildenafila; e de 275% entre o custo de tratamento com o medicamento mais barato (genérico da substância sildenafila) e o medicamento mais caro (referência do tadalafila).

Todo medicamento disponível ao consumo passa por meticulosos estudos e testes de qualidade de modo a garantir os efeitos desejados, segurança e qualidade. Converse abertamente a respeito com seu médico e farmacêutico.


SUZANA SILVA DE OLIVEIRA - 9º semestre Farmácia


Referências

ANVISA. Ministério da Saúde. Boletim Saúde & Economia. Brasília: MS, 2009-2012. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br>. Acesso em: 14 fev. 2014.

RUMEL, D; NISHIOKA, A. S.; SANTOS, A. A. M.. Intercambialidade de medicamentos: abordagem clínica e o ponto de vista do consumidor. Brasília: Rev. Saúde Pública, 2006. 40(5):921-7.
I



Nenhum comentário:

Postar um comentário