segunda-feira, 5 de março de 2018

Uso de produtos naturais como terapia medicamentosa


O uso de produtos vegetais de forma medicinal está difundido na sociedade a milênios, sendo o conhecimento em relação a cada planta passado através de gerações. Com o avanço tecnológico passou-se a produzir mais medicamentos industrializados em vez de produtos naturais, tendo adesão da população para o uso desses medicamentos, e reduzindo o uso de plantas medicinais.

No entanto, nos últimos anos têm-se registrado aumento significativo na procura de tratamentos com plantas medicinais, devido a falsa ideia de que se o produto é natural não haverá contraindicações e efeitos adversos, crescendo o uso de plantas medicinais e fitoterápicos.

As plantas medicinais são espécies vegetais que possuem determinado princípio ativo capaz de aliviar ou curar enfermidades, podendo ser cultivada pela população. Para que sua utilização ocorra da maneira adequada é necessário conhecer a planta, saber onde colher e como preparar.

Quando a planta medicinal passa por um processo industrial com o intuito de se obter um medicamento, tem-se o fitoterápico. Esse processo industrial aplicado à planta evita contaminações por microrganismos, além de padronizar a quantidade adequada de princípio ativo que deve ser usada, promovendo maior segurança de uso.

Ao contrário das plantas medicinais, para que um fitoterápico seja comercializado, é necessária sua regularização na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Lamentavelmente o uso de produtos naturais é realizado sem a orientação de um profissional capacitado, podendo ocorrer efeitos adversos que, para a população que realiza a sua utilização, eram pretensamente improváveis.

As reações adversas podem aparecer como enjoos, irritações, edemas, intoxicações e até a morte. Além disso, é importante saber que tanto a planta medicinal, quanto os fitoterápicos são agentes xenobióticos, ou seja, substâncias químicas que podem ser estranhas ao organismo e potencialmente tóxicas, sendo assim os efeitos adversos não necessariamente ocorreram de maneira imediata, podendo se instalar a longo prazo e de forma assintomática.

Visando a redução do uso inadequado desses produtos e de seus efeitos adversos, em 2006, foi aprovada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, na qual ficou acordado a inserção de terapias alternativas e práticas populares, entre elas a fitoterapia, no Sistema Único de Saúde (SUS).

Em 2009, o Ministério da Saúde elaborou uma Relação Nacional de Plantas de Interesse ao SUS (RENISUS), que apresenta 71 plantas medicinais indicadas para o uso terapêutico da população. Além da incorporação de incentivos do governo, como os citados acima, ainda se faz necessária a farmacovigilância mais ativa, com o objetivo de se identificar os efeitos indesejáveis e os riscos, proporcionando o uso seguro e eficaz das demais plantas comercializadas no país.

Ao optar-se pelo uso de plantas medicinais ou fitoterápicos como forma de tratamento, procure um farmacêutico ou médico para melhor orientá-lo, indicando o uso adequado da planta ou fitoterápico em questão.

Mayra Ivonete Wessling – 7º Semestre – Farmácia.

FEIJO, A.M. et al. Plantas medicinais utilizadas por idosos com diagnóstico de Diabetes mellitus no tratamento dos sintomas da doença. Rev. bras. plantas med., Botucatu, v. 14, n. 1, p. 50-56, 2012.

LANINI, Juliana et al. "O que vêm da terra não faz mal": relatos de problemas relacionados ao uso de plantas medicinais por raizeiros de Diadema/SP. Rev. bras. farmacogn. João Pessoa, v. 19, n. 1a, p. 121-129, Mar. 2009.

PORTAL ANVISA, Medicamentos fitoterápicos e plantas medicinais. Disponível em:<http://portal.anvisa.gov.br/fitoterapicos>. Acesso em 19 Jan. 2018.

SILVEIRA, Patrícia Fernandes da; BANDEIRA, Mary Anne Medeiros; ARRAIS, Paulo Sérgio Dourado. Farmacovigilância e reações adversas às plantas medicinais e fitoterápicos: uma realidade. Rev. bras. farmacogn. João Pessoa, v. 18, n. 4, p. 618-626, Dec. 2008.

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