terça-feira, 28 de maio de 2013

Vírus H1N1, causador da gripe suína

A gripe causada pelo vírus da Influenza H1N1 tem sido um dos grandes problemas de saúde pública mundial. O vírus identificado como H1N1 já causou várias pandemias, como a denominada gripe espanhola, em 1918, infectando 5% da população do mundo e causando entre 20 e 50 milhões de mortes (MEIRELLES 2009). Em 2009, outra pandemia causada por este vírus, fruto de um rearranjo de dois tipos de vírus, o triplo-recombinante da Influenza A e o vírus H1N1 que na Europa, circulava entre suínos (Canzi; Timm; Colacite, 2012). O vírus H1N1 pode afetar os suínos, causando doença respiratória e é possível infectar o homem por contato direto, apesar da contaminação mais comum ser a de entre os seres humanos.

O vírus responsável por essa última epidemia tem material genético de vírus que se utilizaram dos suínos, das aves e do ser humano como hospedeiro (GRECO et al, 2009). Isto é possível porque, dentre suas características, o vírus sofre alterações antigênicas durante sua passagem pelos diversos hospedeiros, produzindo novas respostas imunológicas (Trabulsi et al, 2002). Essa recombinação deixa o organismo humano suscetível à epidemia, uma vez que ainda não informação imunológica para seu combate.

Um vírus é caracterizado como um parasita intracelular obrigatório, que se utiliza dos sistemas enzimáticos celulares do hospedeiro para a síntese de elementos especializados, os quais fazem parte da sua estrutura. Assim, o vírus é totalmente dependente de uma célula para sua replicação (Trabulsi et al, 2002). A natureza fragmentada do material genético do vírus Influenza induz altas taxas de mutação durante a fase de replicação, em especial da hemaglutinina e neuraminidase . A atividade da enzima viral neuraminidase é importante tanto para a entrada do vírus em células não infectadas quanto para a liberação de partículas virais formadas recentemente de células infectadas e a expansão posterior do vírus infeccioso no organismo (Canzi; Timm; Colacite, 2012)

O agente etiológico da gripe H1N1 é o vírus Myxovirus Influenzae, que pertence à família Orthomyxoviridae, que popularmente é conhecido como Influenza. Os vírus Influenza são partículas envelopadas de RNA, de fita simples, que está associado a uma nucleoproteína helicoidal e fragmentado em oito porções de ribonucleoproteínas. Seu tamanho varia de 80 a 120 nanômetros.

O seu envoltório é lipoproteico e revestido por uma proteína antigênica, que define o tipo do vírus em A, B, ou C. Apenas os vírus do tipo A e B têm relevância clínica. Na superfície externa do envoltório do vírus, existem duas glicoproteínas, a Hemaglutinina e a Neuraminidase, que possuem importante papel na patogênese viral. Suas combinações determinam o subtipo viral (LENZI, 2009).

Existem 16 subtipos de hemaglutinina e nove de neuraminidase, que resultam em 144 combinações possíveis das proteínas.  E assim vários tipos de vírus possíveis. Dessas combinações, apenas três, a H1N1, H2N2 e H3N2 são normalmente capazes de infectar humanos (GRECO et al 2009). Novas mutações tem se apresentados As atividades das duas glicoproteínas são alvos dos anticorpos que bloqueiam a infecção e, como resultado da pressão da resposta imune, as propriedades antigênicas das glicoproteínas variam quando infecções repetidas ocorrem durante uma pandemia (LENZI 2009).

Duas classes de medicamentos estão atualmente disponíveis para a prevenção e tratamento da Influenza, os inibidores dos canais de íon M2 a Amantadina e Rimantadina e  os inibidores de neuraminidase  o Zanamivir e  o Oseltamivir. No Brasil , o Ministério da Saúde disponibiliza, o Oseltamivir como medicamento para o tratamento da gripe causada pelo Influenza H1N1 (LENZI 2009).

O fosfato de oseltamivir é um agente antiviral oral, inibidor potente e seletivo da  neuraminidase do vírus da gripe A e B que é uma das glicoproteínas de ação do vírus. (Canzi; Timm; Colacite, 2012). A atividade da enzima neuraminidase no vírus Influenza é essencial para a liberação do mesmo das células do hospedeiro ao fim do processo de replicação e para sua propagação por todo o muco das vias respiratórias. (LENZI 2009). Assim, os inibidores da neuraminidase bloqueiam a replicação do vírus da gripe na célula hospedeira infectada, evitam a liberação dos vírions da superfície celular e previnem a infecção de novas células (Canzi; Timm; Colacite, 2012).

O oseltamivir é um pró-fármaco hidrolisado principalmente no fígado para seu metabólito ativo, carboxilato de oseltamivir, por meio da ação das esterases. Cerca de 75% da dose oral chegam à circulação sistêmica como carboxilato de oseltamivir. Aproximadamente 42% se ligam às proteínas plasmáticas e são eliminados pela urina. Sua meia-vida de eliminação é de cerca de uma a três horas e a do metabólito ativo está entre seis a dez horas (LENZI 2009). 

Isadora Dias Ribeiro Santos – 5º semestre de Farmácia

Referências

GRECO, D. et al. Influenza A (H1N1) : histórico, estado atual no Brasil e no mundo perspectivas.  Rev Med Minas Gerais, v.19, n.2, p. 132-139, 2009. Disponível em: <http://rmmg.medicina.ufmg.br/index.php/rmmg/article/ viewDownloadInterstitial/119/101>. Acesso em :15 mai. 2013

CANZI, K.;  TIMM, A. ; COLACITE,  J. Avaliação do tratamento realizado com o antiviral fosfato de oseltamivir e os exames laboratoriais de pacientes diagnosticados com gripe A subtipo H1N1 em um hospital da cidade de Toledo. Acta Biomedica Brasiliensia, v. 3, n. 1, jun . 2012. Disponível  em:< dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/3969909.pdf> . Acesso em :15 mai 2013.


LENZI, L. Avaliação da efetividade de oseltamivir no tratamento da Nova Influenza A H1N1. 2011. 133 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. Disponível  em: <http://www.farmaceuticas.ufpr.br/teses/ver/87 >.Acesso em :15 mai 2013.

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