terça-feira, 5 de novembro de 2013

O uso de animais para o desenvolvimento de medicamentos

O uso de animais para o desenvolvimento de medicamentos é uma tema muito atual nos jornais, principalmente, em função dos últimos acontecimentos, mas ele há muito tempo faz parte dos assuntos dos cientistas e dos órgãos regulamentadores. No Brasil, em 2008, foi criado Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal – CONCEA, que, dentre outras funções, é responsável por formular e zelar pelo cumprimento das normas relativas à utilização humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica. Isso significa que existe uma legislação sobre o assunto no Brasil.


A preocupação com o bem-estar animal inicia-se nos primórdios do século XIX, mas apenas na década de 1970 que a ética estuda os direitos dos animais. Apesar de alguns estudos focarem mais os deveres dos humanos para com os animais e menos sobre os seus direitos próprios. De todo modo, o uso dos animais em pesquisas e aprendizagem está regulamentado e qualquer procedimento sobre eles deverá ser previamente aprovado por um comitê específico, formado por membros da sociedade e por cientistas. Mas, para alguns ativistas isso é insuficiente e exigem categoricamente o fim dos experimentos nos animais.

Nos dias de hoje, de forma mais incisiva na Europa, a abordagem da experimentação em animais está baseada no conceito dos três "R" (Reduction, Replacement e Refinement). Isso significa em reduzir ao máximo possível o número de animais usados em experimentos (sem perder a precisão do teste). Procurar alternativas viáveis de testes que não usem animais. Além de buscar, o máximo possível, utilizar-se de procedimentos pouco agressivos, preservando, no limite, o conforto do animal. Mas os documentos europeus não falam em prescindir do teste em animais porque, em dadas circunstâncias, eles são imprescindíveis.

Um exemplo clássico da importância do estudo prévio em animais foi o uso da talidomida em grávidas, nos anos de 1950. À época, não se exigia estudos prévios profundos e, portanto, não se sabia de seu efeito teratogênico. Prescrita como sedativo e para o controle das náuseas e vômitos das grávidas produziu um número muito grande, no mundo todo, de crianças com malformações. O teste prévio em animais poderia ter reduzido essa tragédia. É certo, por outro lado, que nem tudo é previsível usando-se o modelo animal, porém sempre dará maior segurança no uso inicial pelos humanos.

Prof. Dr. Paulo Angelo Lorandi

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