segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Uso de medicamentos em crianças

A prescrição de medicamentos para crianças é bastante complexa. Deve ser levado em conta aspectos específicos para esse grupo populacional. Há de se adequar a melhor forma farmacêutica dentre as formulações comercialmente disponíveis. Comprimidos, por exemplo, são mais difíceis de serem administrados, por exemplo. Quanto em líquido, o sabor é muito importante. Além disso, a dose tem de ser administrada a partir dos testes de segurança e eficácia.

Um aspecto bastante importante é saber se o medicamento tem indicação pediátrica. Nas décadas passadas, mais de 50% dos medicamentos utilizados em crianças nos EUA não estavam aprovados para esse fim. No Brasil, suspeita-se que a taxa de uso desses medicamentos não apropriados para crianças em pacientes pediátricos também seja alta, em especial em nível hospitalar.

Em geral, os prescritores realizam o tratamento com base em sua experiência e julgamento, decidindo-se pelas indicações e melhores doses e formulações. Quando o uso de medicamentos é prescrito diferentemente da forma que é orientada na bula, considera-se um uso do tipo off label, termo em inglês consagrado para um uso diverso do aprovado quando registrado na Anvisa.

Essa classificação inclui qualquer uso fora dos dados registrados e pode ser em relação a faixa etária, dose, frequência, apresentação, via de administração ou à indicação. Calcular a dose para crianças apenas baseada em seu peso corporal, área de superfície corporal ou idade, pode trazer danos extremos. O uso de medicamentos baseado na adequação das doses e/ou modificar as formulações para adultos, ignorando completamente as diferenças entre crianças e adultos, submetendo ao risco de eficácia não comprovada.

O alto uso de medicamentos não apropriados para crianças, confirma também o uso inadequado e inadvertido de medicamentos que ainda não foram testados ou de apresentações que não são apropriadas para crianças. Frente a esses dados, destaca-se a importância de estudos sobre eficácia, segurança e toxicidade de medicamentos para uso na pediatria.

O desenvolvimento e avaliação de medicamentos para recém-nascidos, lactentes e crianças, requer a colaboração de pediatras, farmacêuticos, indústria farmacêutica e autoridades sanitárias reguladoras.

Laís Oliveira Reis – 8º semestre do curso de Farmácia

Referências:

DOMINGOS, J. L., et.al., Medicamentos em crianças, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos/MS.

ALCÂNTARA, D. A., et.al., Intoxicação medicamentosa em crianças, Revista Brasileira em Promoção da Saúde, vol. 16, núm. 2, 2003, p. 10-16.

CARVALHO, P.R.A., Identificação de medicamentos “não apropriados para crianças” em prescrições de unidade de tratamento intensivo pediátrica.  Jornal de Pediatria, Sociedade Brasileira de Pediatria, 2003.

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