sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Câncer e contraceptivos hormonais

 Os contraceptivos orais possibilitaram avanços incontestáveis à população, como o controle sobre as taxas de natalidade, o planejamento familiar e a maior participação das mulheres no mercado de trabalho. Constituem o método mais popular de prevenção contra a gravidez, sendo utilizado por mais de 200 milhões de mulheres no mundo, desde a sua inserção na prática médica. Possuem alta porcentagem de eficácia e efetividade, porém, este método não é eficaz para a proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis, sendo necessário para esta finalidade o uso de outro método contraceptivo como a camisinha, distribuída gratuitamente em unidades de saúde desde o ano de 1994.

O uso diário de contraceptivos orais promove uma constante manutenção dos níveis hormonais de progesterona e estrógeno, causando a inibição de secreção hipofisária de LH e FSH (hormônios necessários para a ovulação e maturação do óvulo), impedindo assim o período de ovulação. Existem também outras propostas terapêuticas para seu uso além da contracepção, como o de alívio da dismenorreia, mastodinia e tensão pré-menstrual, a diminuição da incidência de hiperplasia e neoplasia endometriais, doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica, endometriose, doença fibrocística benigna da mama, cistos funcionais e câncer de ovário, assim como a melhora da acne, hirsutismo e proteção do câncer de endométrio e ovários dentro de seis meses de uso.

Há contradição entre estudos sobre a associação das usuárias de contraceptivos orais e o desenvolvimento de câncer de mama. Alguns destes estudos concluem que as mulheres expostas ao medicamento possuem mais chances de desenvolver a doença do que as mulheres não expostas. O risco é relativamente maior entre as mulheres que usaram os contraceptivos orais com dosagens mais elevadas de estrogênio, assim como quem fez uso por um longo período ou quem iniciou o uso em idade precoce, mas de acordo com outros estudos nada está definitivamente comprovado.

Recomenda-se a mudança para um método contraceptivo não hormonal em mulheres hipertensas, pois o uso do contraceptivo oral pode causar um aumento pequeno, porém significativo nas pressões sistólica e diastólica. Deve-se também evitar o tabagismo, pois estudos indicam que o fumo em conjunto com o uso de contraceptivos orais aumenta as chances de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio, por exemplo.

A embalagem deve conter comprimidos que devem ser tomados diariamente a partir do primeiro ao quinto dia do ciclo menstrual, com uma pausa, normalmente, de sete dias após o inicio de uma nova cartela. Essa pausa pode ser feita com a tomada de comprimidos fornecidos na cartela, que apresentam outras substâncias que não os hormônios.

Os contraceptivos orais podem ainda conter apenas progestógeno e são indicados durante a amamentação por não inibirem a produção de leite materno como os comprimidos combinados. Também podem ser usados em casos de intolerância a estrógenos, para a contracepção de emergência como em casos de uso incorreto do anticoncepcional, risco de gravidez indesejada após relação sexual desprotegida ou estupro.

É de extrema importância para a prevenção de problemas relacionados ao uso de contraceptivos orais a pratica regular de atividades físicas, a adoção de uma dieta equilibrada, a realização de mamografia ao menos uma vez por ano após os 40 anos de idade, assim como evitar a obesidade, o tabagismo e etilismo para a prevenção de problemas que possam estar relacionados ao uso de anticoncepcionais orais, para ter uma vida com qualidade e saúde.

Sylvia Fortes Restrepo – 6º Semestre de Farmácia

Referências:
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSE ALENCAR GOMES DA SILVA (INCA). Câncer de mama. Disponível em:  <http://www2.inca.gov.br>. Acesso em: 30 set. 2012.

TESSARO, Sérgio et al.. Contraceptivos orais e câncer de mama: estudo de casos e controles. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 35, n. 1, fev.  2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso em: 01 out. 2014.

WANNMACHER, L. – FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDOPOLIS. Anticoncepcionais orais: o que há de novo? Disponível em:  <http://www.fef.br/biblioteca/arquivos/data/uso_racional_medicamentos.pdf> Acesso em 03 out. 2014.


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Anticoncepcionais orais (ACO). Disponível em: <http://www.ufrgs.br/espmat/disciplinas/midias_digitais_II/modulo_II/pilulas.html> Acesso em: 03 out. 2014.

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