terça-feira, 7 de abril de 2015

Vacina contra a dengue


A dengue, como todos sabem, é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado. É considerada uma endemia em vários países da América Latina, incluindo-se o Brasil. Ou seja, a dengue sempre apresenta casos de infecção, em um caráter contínuo, nesses países. Em momentos de mais chuva, quando aumenta o número de mosquitos, os casos de dengue podem aumentar, caracterizando-se como epidêmica.

O vírus responsável pela dengue apresenta pequenas variações individuais, caracterizando-se em quatro subtipos diferentes, mas que apresentam o mesmo quadro de doença. Um grande problema é que a imunidade derivada da doença é específica para cada subtipo e, portanto em tese, poderemos ter quatro casos de dengue ao longo da nossa vida, cada infecção será por um subtipo diferente. Normalmente, as subsequentes infecções são mais graves, independentemente do subtipo com qual o corpo foi infectado.

Não há medicamento contra dengue, salvo o controle dos sintomas. Uma vez doente, é necessário manter hidratação adequada e uso de paracetamol para amenizar a dor e a febre. Além de aguardar o ciclo de desenvolvimento do vírus em nosso corpo. Até o momento, o controle da doença é focado no controle do vetor, o mosquito Aedes aegypti.

Mas muito brevemente, isso irá mudar. No máximo em dois anos deverá ser lançada a vacina contra a dengue. Uma única vacina múltipla capaz de gerar imunidade contra os quatros subtipos do vírus. Três empresas estão desenvolvendo produtos diferentes.

Uma delas já foi testada em crianças de cinco países da América Latina. No Brasil, cinco centros de estudos diferentes participaram dessa pesquisa. O estudo envolveu mais de 20.000 crianças, com idades entre 9 e 16 anos. Como toda pesquisa científica, o grupo foi dividido entre aqueles que receberam a vacina (2/3 das crianças) e o placebo (1/3 do grupo). O grupo com placebo é importante para se garantir que os resultados do medicamento superam mecanismo naturais de controle da doença.

O resultado foi considerado um sucesso, apesar da eficácia estimada para a vacina ser de 60%. Nem todas as vacinas atingem o 100%. Mas o importante é o resultado considerado na população como um todo, ao se conseguir controlar os números da doença. A OMS propõe como desafio mundial a redução em 50% das mortes por dengue até o ano de 2020.

Os pesquisadores acompanharam essas crianças por 25 meses, analisando a presença dos fatores de proteção imunológica em amostras de seus sangues. A vacina foi aplicada em três doses, em intervalos de seis meses, pela via subcutânea, uma pequena injeção abaixo da pele. Mas a eficácia na proteção não é a mesma para os quatro subtipos de vírus.

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da UniSantos. O contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela UniSantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.


Texto originalmente publicado no Jornal da Orla em 23/03/2015

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