quinta-feira, 28 de abril de 2016

A ‘pílula do câncer’

Pauta recorrente na mídia, os desdobramentos do processo que envolve a liberação da ‘pílula do câncer’ têm causado controvérsias entre a decisão da presidente da República e a comunidade científica.  A fosfoetanolamina era distribuída no Instituto de Química da USP de São Carlos. Os interessados recebiam gratuitamente a substância produzida no laboratório, mas o cenário mudou quando, no dia 29 de setembro de 2015, o Tribunal de Justiça de São Paulo vetou a distribuição. 

Mesmo sem eficácia comprovada, a lei que autoriza o uso da substância fosfoetanolamina sintética por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna foi sancionada no último dia 13.


Confira a seguir o artigo elaborado pelo coordenador do CIM, professor doutor Paulo Angelo Lorandi, sobre a liberação desta substância:

A liberação da fosfoetanolamina

A razão precisa prevalecer para se conseguir as melhores decisões. Infelizmente, a razão não predominou na liberação súbita e emocional dada ao uso da fosfoetanolamina. Uma substância que ainda não teve a comprovação científica dos benefícios, nem da segurança. Um grupo de deputados aprovou uma lei distante de seu foro, em vez das muitas discussões importantes ao país.

Independentemente de uma possível eficácia da fosfoetanolamina no combate ao câncer, a aprovação do uso depende do respeito a todas as fases exigidas e aceitas mundialmente. Há de se lembrar que, mesmo após testes exaustivos, algumas substâncias ainda apresentam problemas no seu uso, sendo, então, retiradas do mercado. Mais do que uma falha do sistema, isso demonstra a necessidade de vigilância irrestrita no uso de medicamentos.

Outro aspecto discutível da lei é a de transferir a decisão do tratamento à pessoa doente, um indivíduo em período de fragilidade emocional. Condição aguçada quando a doença é o câncer, podendo, portanto, não realizar uma decisão sensata. Além do quê, essa questão se contrapõe às várias regras que dão a responsabilidade da prescrição aos clínicos, profissionais capacitados ao diagnóstico. A sanção dessa lei pode permitir a aceitação do curandeirismo.

O fato chamou a atenção da comunidade científica internacional. Revistas internacionais importantes, como Nature e Science, discutem a sanção presidencial da lei. Especialistas brasileiros em oncologia e em desenvolvimento de medicamentos também contestaram a decisão de ter sido deferida, a despeito da oposição da Anvisa, órgão responsável pelos registros de medicamentos.

De fato, o câncer é uma doença com números crescentes. Estima-se que seja responsável por 12% das mortes no mundo. O crescimento se dá, principalmente, pelo estilo de vida das pessoas no mundo industrializado. Atualmente, há grande opção pelo sedentarismo, ingestão de alimentos de baixa qualidade, com pouca quantidade de fibras, muita gordura e consumo exagerado de alimentos industrializados, ricos em aditivos.

Então, a prevenção, buscando uma vida mais saudável, é importante estratégia para o controle da doença. E também, a cada dia, novos medicamentos têm surgido, todos seguindo os rigores da ciência, submetendo-se aos procedimentos exigidos pelas leis do mundo todo.

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela UniSantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.

* Publicado originalmente pelo Jornal da Orla em 16 de abril de 2016.



2 comentários:


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