sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Formas farmacêuticas infantis

Quem nunca teve dificuldade de dar um medicamento para uma criança? Seja pelo gosto ruim ou pela dificuldade de engolir o comprimido, é sempre difícil encontrar uma criança que não sinta desconforto na hora da administração. É nessa hora que a farmacotécnica, ou seja, técnica de manipular os fármacos entra. A farmacotécnica, na maioria das vezes, permite tornar o sabor do medicamento mais agradável, seja fazendo-os na forma de xaropes, seja mascarando o sabor desagradável.

Por causa da dificuldade em se administrar remédios às crianças, os laboratórios têm procurado alternativas. Com isso, algumas formas como gomas ou pirulitos têm se tornado muito popular. Se por um lado, é uma alternativa interessante, que não irá causar desconfortos para a criança e aliviará o trabalho dos pais na hora da administração. Porém, por outro lado deve ser lembrado que ainda são crianças e, a partir do momento que ela começar a considerar o medicamento apenas como um doce, poderá ficar pedindo mais ou tentando pegar escondido dos pais.

A maioria das intoxicações ocorre por acidentes, principalmente quando se trata de crianças. No Brasil, as maiores vítimas de intoxicações causadas por medicamentos são as menores de cinco anos. Grande parte dessas intoxicações é causada por conta dos pais não administrarem a dose adequada ou não manterem os medicamentos armazenados longe do acesso dos filhos. Essa problemática pode se complicar quando a criança confunde medicamento com as guloseimas e começarem a insistir para mais consumo junto aos pais. É válido ressaltar que, por serem crianças, seu metabolismo é diferente dos adultos, portanto a dose receitada deve sempre ser respeitada, independente da forma em que o medicamento se encontra.

Outra nota importante é que a obesidade infantil está se tornando cada vez mais comum hoje em dia. Então “estimular” que o medicamento seja administrado na forma de guloseima apenas para aumentar a adesão ao tratamento, pode acabar sendo mais prejudicial do que se parece. As vezes compensa pedir ao médico outra forma farmacêutica que seja mais fácil da criança engolir, como, por exemplo, medicamentos na forma líquida em vez das sólidas. Sempre se oriente com um farmacêutico para ter certeza da melhor abordagem medicamentosa, seja para você ou para seu filho.

João Gabriel Gouvêa da Silva – 4° semestre do curso de Farmácia

Referências:

MARTO, J.; SALGADO, A.; ALMEIDA, A.J. Formas sólidas alternativas para administração oral em pediatria. Rev. Port. Farmacoter. Cascais. v.3 p.154-164. 2011.


SILVA, L.R. et al. Medicamento como risco no ambiente doméstico. Cad. Saúde Colet. Rio de Janeiro. v.18 n.2 p.209-216. 2010.

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