sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Terapia hormonal no desenvolvimento do câncer de mama

Câncer de mama é um importante problema de saúde pública no mundo, sendo a forma de câncer mais comum entre mulheres. Existem muitos fatores de risco já identificados. A maioria deles é relacionada com os hormônios, comportamento reprodutivo e estilo de vida. Além disso, há também predisposições genéticas.

Os fatores reprodutivos são uma das principais influências no risco de câncer de mama. Há evidências de que menarca (primeira menstruação) precoce, primeira gravidez após os 30 anos de idade, nuliparidade (nunca ter tido filhos) e ausência de aleitamento materno estão associados com maior risco em seu desenvolvimento. Multíparas (mulheres que tiveram mais de cinco filhos) tem uma diminuição de até 30% no risco de câncer de mama. Outros fatores que podem aumentar seu risco incluem o uso de anticoncepcionais e terapia hormonal na menopausa (THM), especialmente quando combinado estrogênio e progestina. Essa combinação confere aos contraceptivos e terapia de reposição hormonal a classificação de carcinogênicos para humanos, de acordo com a IARC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer), ou seja, podem favorecer o desenvolvimento de câncer. O risco independe da via de administração do contraceptivo, seja oral ou injetável.
Os contraceptivos como fator de risco não é unanimidade entre os pesquisadores, e também existem muitos estudos nos quais essa relação não tem sido observada.
O estrogênio e progestina só poderão favorecer o desenvolvimento do câncer em mulheres que já apresentem, em suas mamas, receptores hormonais. É o que acontece em cerca de dois terços dos casos de câncer de mama. Isso confere um prognóstico mais favorável e responde melhor à terapia hormonal. Essa hormonioterapia não é a administração de hormônios, pelo contrário, é o bloqueio da atividade dos hormônios femininos nas células tumorais. Esse tipo de tratamento pode ser utilizado também para prevenção nos casos de pré-disposição genética conhecida. Os efeitos colaterais são semelhantes às manifestações de menopausa, devido à deficiência hormonal.
Vale ressaltar que o câncer é multifatorial e que a maioria dos estudos que demonstraram essa relação de risco entre contraceptivos e o desenvolvimento de câncer de mama são da América Latina. Levando em consideração que os fatores culturais, nutricionais e sócio-econômicos também podem ser determinantes para aparecimento da doença, não é possível extrapolar esses resultados para as mulheres de outras partes do mundo.
É necessário que mais estudos sejam realizados, principalmente com a população brasileira, para resultados mais fiéis a nossa realidade. Por isso, não suspenda o uso de seu contraceptivo sem falar com seu médico, nem inicie uma hormonioterapia por conta própria, principalmente se você já foi diagnosticada com alguma alteração a nível hormonal ou de sistema reprodutor. Para alternativas de contraceptivos, consulte o farmacêutico. Thais Damin Lima - 8º semestre do curso de Farmácia

Referências:

AMADOU, A.; TORRES-MEJÍA, G.; HAINAUT, P.; ROMIEU, I. Breast cancer in Latin America: global burden, patterns, and risk factors. Salud Publica, Mexico, v. 56, n. 5, p. 547-554, 2014.

HARDY, E. E.; PINOTTI, J. A.; OSIS, M. J. D.; FAUNDES, A. Variáveis reprodutivas e risco para Câncer de Mama: Estudo caso-controle desenvolvido no Brasil. Bol of Sanit Panam, v. 115, n. 2, 1993.

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