sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Estudos mostram que medicamentos são as maiores causas de intoxicação infantil

Da infância, o estudante Lucas Marcos de Souza, de 20 anos, guarda uma recordação nada agradável. Ele lembra que precisou tomar um remédio para aliviar os sintomas de uma dor de cabeça e logo recorreu a um anti-inflamatório. O que parecia ser uma alternativa para livrá-lo do incômodo acabou se tornando o vilão da história. A imprudência teve como consequência efeitos colaterais que o fizeram ficar ainda pior. Casos como este são comuns e a busca pela ‘cura imediata’ através da ingestão de medicamentos sem prescrição médica torna-se um dos maiores fatores de risco.

De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas (SINITOX), os medicamentos são os maiores agentes de intoxicação humana. Em 2012, foram registrados 27.008 casos de intoxicação medicamentosa em todo o Brasil, sendo que destes, 10.317 referem-se a crianças entre 0 e 9 anos. Em 2010, as alunas Erika Santana Muniz e Fernanda Camargo dos Santos, do curso de Farmácia da UniSantos, apresentaram um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que tratava de intoxicações infantis registradas pelo SINITOX de Santos. O resultado mostrou que na Baixada Santista os medicamentos também são os principais agentes causadores de intoxicação.

Professor do curso de Farmácia, Fabrício
Orientador do TCC, o professor do curso de Farmácia da UniSantos Fabrício dos Santos Cirino conta que durante a pesquisa foi feita uma tabulação para saber quais eram as principais classes que levavam à intoxicação. Os medicamentos apareceram em primeiro lugar seguidos pelos domissanitários – produtos de limpeza destinados ao uso domiciliar, como desinfetantes, detergentes e inseticidas.

Os grupos de medicamentos responsáveis pela maioria dos casos de intoxicação entre crianças foram os corticoides e benzodiazepínicos. Os primeiros estão presentes em alguns anti-inflamatórios e, como muitos podem ser adquiridos livremente, a ingestão excessiva torna-se o maior perigo. Os benzodiazepínicos, por sua vez, são medicamentos de ação ansiolítica, utilizados como sedativos e tranquilizantes musculares.

O professor conta que a intoxicação por benzodiazepínicos costuma ocorrer quando as crianças têm fácil acesso a eles e, movidos pela curiosidade, acabam ingerindo o fármaco. “Via de regra são deixados em lugares onde a criança tem acesso facilmente”. Ele alerta que tais produtos devem ser acondicionados fora do alcance dos menores e ressalta a importância das Embalagens Especiais de Proteção às Crianças (EEPC), que, apesar de essenciais, ainda não são obrigatórias.

TCC – O estudo é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado Caracterização epidemiológica dos casos de intoxicação aguda infantil por via oral ocorrida na Baixada Santista entre janeiro e dezembro de 2009. Com base nos dados do SINITOX de Santos, o objetivo foi apresentar a prevalência das intoxicações de acordo com os agentes tóxicos na faixa etária entre zero e dez anos.


Liliane Souza – 4º semestre do curso de Jornalismo
Crédito de foto: Departamento de Imprensa UniSantos

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