quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A poliomielite e o sucesso da vacinação


A poliomielite é uma doença infectocontagiosa aguda, causada por um vírus que vive no intestino, denominado Poliovírus. Embora ocorra com maior frequência em crianças menores de quatro anos, também pode ocorrer em adultos. As taxas de letalidade variam entre 5% e 10%, sendo mais elevadas em adultos do que em crianças. No Brasil, é considerada uma doença erradicada desde 1989, data do relato do último caso. Pode ser causada por três tipos de poliovírus (I, II e II), manifestando-se, em grande parte, por infecções inaparentes ou quadro febril inespecífico, entre 90% e 95% dos casos.

Nos quadros mais severos, a poliomielite pode apresentar quadros de meningite asséptica, que se refere a síndrome clínica de inflamação meníngea, onde não é encontrado crescimento bacteriano identificado no exame de líquido cefalorraquidiano (LCR); formas paralíticas caracterizadas por paralisia flácida de início súbito, em geral, nos membros inferiores, de forma assimétrica com persistência de alguma paralisia residual após 60 dias do início da doença; e pode levar a morte o portador.

As formas paralíticas representam cerca de 1% a 1,6% dos casos. A transmissão pode ocorrer de pessoa a pessoa, através de secreções nasofaríngeas ou, principalmente, por objetos, água e alimentos contaminados com fezes de doentes ou portadores.

No Brasil, no período entre 1968 a 1980, o número de casos variou entre 1.100 a 3.600 casos anuais. Descrita desde a Antiguidade, foi no fim do século XIX que passou a ser reconhecida como problema de saúde pública, quando epidemias começaram a ser registradas em vários países do mundo. 

No início da década de 1950, Jonas Salk desenvolveu a primeira vacina que foi capaz de reduzir drasticamente o número de casos clínicos nos países em que foi empregada. A vacina injetável é formada pelo vírus inativado, quando não é capaz de produzir a doença. Permite a formação de anticorpos, ou seja, as células de defesa contra esse vírus. É vantajosa por apresentar-se efetiva na redução da replicação do vírus da faringe, reduzindo a transmissão do poliovírus pela via oral. A desvantagem se dá por não induzir a imunidade intestinal, que é o local de habitação do vírus.

No final da mesma década, surge a vacina oral criada, principalmente, por Albert Sabin. É constituída por vírus atenuado, no qual o indivíduo imunizado adquire anticorpos e imunidade intestinal. A escolha preferencial por ela se deve ao baixo custo na produção em comparação a injetável e facilidade por ser administrada oralmente. Nesse contexto, imuniza grande número de pessoas por períodos prolongados. Entretanto, podem ocorrer casos raros de paralisia associados à vacina. Em função desse risco, o esquema defendido e adotado, atualmente, é o uso das duas vacinas existentes.

No Brasil, apesar da erradicação, as campanhas nacionais continuam com a administração da vacina oral e, mais recentemente, a adição da vacina injetável ao calendário nacional de vacinação. Além da erradicação no país ser recente, há uma deficiência no sistema de vigilância e notificação dos casos de paralisia aguda flácida, sendo necessário a continuação da vacinação em massa. E também por ser um vírus ainda presente em outros países, nesse mundo globalizado em que vivemos.

Marina Maria de Oliveira – 10º semestre do curso de Farmácia
Crédito de foto: Portal da Saúde

Referências:

CAMPOS, A. L. V.; NASCIMENTO, D. R.; MARANHÃO, E. A história da poliomielite no Brasil e seu controle por imunização. Hist. Cien., Saúde  Mang., v.10, s.2, p.573-600, 2013.

DURANTE, A. L. T. C; POZ, M. R. D. Saúde global e responsabilidade sanitária brasileira: o caso da erradicação da poliomielite. Saúde em Debate, v.38, n.100, p.129-138, 2014.

LOPES, L.S et al. Vacina oral contra poliomielite versus vacina injetável: uma mudança necessária contra a poliomielite no Brasil. Cienc.  Bio. e da Saúde Fits,  v.1,  n.1, p.43-53, 2012.

SCHATZMAYR, H. G.; FILIPPIS, A. M. B.; FRIEDRICH, F.; LEAL, M.L. F. Eradication of poliomyelitis in Brazil: the contribution of Fundação Oswaldo Cruz. Hist. Cien., Saúde  Mang.,  v.9, n.1, p.11-24, 2002.


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