sexta-feira, 10 de março de 2017

Aborto por medicamentos: misoprostol

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define aborto inseguro como um procedimento para interromper uma gestação não planejada, realizado por indivíduos que não possuam habilidades necessárias ou procedido em ambiente inadequado. Isso apresenta risco significativo para a saúde e para a vida das mulheres, caracterizando cerca de 13% das mortes maternas no mundo.

No Brasil, o aborto por medicamentos é considerado ilegal, sendo apenas autorizado em programas de aborto legal, quando há risco de vida para a mãe ou em casos de estupro. Os principais medicamentos para a indução de aborto são o misoprostol e a ocitocina. Os primeiros estudos brasileiros sobre o misoprostol para essa finalidade datam do início dos anos 1990. Nessa mesma época, sua venda foi proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), sendo autorizada apenas para fins de tratamento de úlcera gástrica. Atualmente, a Portaria nº 344, publicada pelo Ministério da Saúde, e em vigor desde 1998, restringe a compra e uso do misoprostol aos estabelecimentos hospitalares. Apesar dos esforços para limitar o uso do medicamento, estudos mostram que sua utilização em tentativas de aborto continua elevada.

Nos hospitais, o misoprostol é utilizado principalmente para indução de parto ou em caso de morte fetal. Sua eficácia nesse cenário é devido à contração uterina que ele causa. É importante ressaltar que as contrações são tão fortes, que, em uso descontrolado, podem provocar até mesmo ruptura do útero, o que pode ser perigoso.

Além disso, há chances de o aborto não dar certo. Nesses casos, estudos mostraram que existe um risco aumentado para o desenvolvimento de anomalias congênitas devido à tentativa de aborto por misoprostol. Entre essas anomalias estão paralisia parcial ou completa do nervo facial e alterações nas pernas e braços. Para evitar ao máximo esse cenário, o uso de preservativo e anticoncepcionais é a melhor opção. Converse com seu ginecologista sobre qual o melhor método de contraceptivo para você. Oriente-se com o farmacêutico.

Thais Damin Lima - Formada em 2016 pelo curso de Farmácia da UniSantos

Referências:

DINIZ, D.; CASTRO, R. O Comércio de Medicamentos de Gênero na Mídia Impressa Brasileira. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p. 94-102, Janeiro, 2011.

MENGUE, S. S.; DAL PIZZOL, T. S. Misoprostol, aborto e malformações congênitas. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 30, n. 6, p. 271-273, Junho, 2008.

SILVA D. F. O. et al. Aborto provocado: redução da frequência e gravidade das complicações. Consequência do uso de misoprostol? Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, v. 10, n. 4, p. 441-447, Outubro/Dezempro, 2010.

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