sexta-feira, 17 de março de 2017

Vitamina A na gravidez

A deficiência de micronutrientes, durante o período gestacional, pode trazer consequências adversas para a saúde das gestantes e para o desenvolvimento fetal. Durante o período de lactação, as deficiências nutricionais da mãe podem contribuir para a manutenção de baixas reservas de nutrientes no filho, aumentando as chances para o desenvolvimento de carências nutricionais nos primeiros anos de vida, período em que há maior prevalência de agravos à saúde infantil.

Um dos problemas que afetam as gestantes de 10 a 20%, e está relacionado com a deficiência de vitamina A, é a cegueira noturna, e que a mesma se associe com risco cinco vezes maior de mortalidade materna nos dois anos pós-parto, além da probabilidade de ocorrência de complicações gestacionais.

Atualmente, sabe-se que mesmo a deficiência da vitamina A subclínica (quando estão ausentes os sinais de visão prejudicada) intensifica a gravidade de enfermidades como diarreia e outros processos infecciosos, podendo provocar quadros de queda da imunidade de origem exclusivamente nutricional. Calcula-se que, a cada minuto, morra uma criança de causa direta ou indiretamente atribuível à deficiência da vitamina A e que, diariamente, muitas mulheres falecem em decorrência de problemas evitáveis relacionados à gravidez ou ao parto, e que podem ser agravados pela deficiência da vitamina A. Durante o período embrionário o ácido retinoico atua na formação e desenvolvimento do coração, olhos e dos ouvidos, podendo tornar tanto o excesso quanto a falta desse nutriente responsável por defeitos congênitos, ou até mesmo a morte fetal.

A formação de reservas fetais de vitamina A se inicia durante o último trimestre de gestação e, após o nascimento, para construir a sua reserva são necessários vários meses de ingestão adequada. Normalmente, a transferência de vitamina A da mãe para o filho é 60 vezes maior durante os seis meses de lactação, quando comparada à transferência ocorrida durante os nove meses gestacionais, sendo a concentração de vitamina A no leite materno suficiente para suprir as necessidades diárias, supondo-se o estabelecimento de amamentação plena.

Durante a gestação não é necessária uma suplementação de vitamina A, porém no pós-parto é necessária uma suplementação de mega dose de vitamina A de forma imediata, garantindo as reservas corporais e a suplementação adequada para o bebê. Tais ações podem produzir benefícios para a saúde materno-infantil, contribuindo para a redução dos níveis de problemas gerados pela falta da vitamina A.

Guilherme da Silva Jonas - 8º semestre do curso de Farmácia

Referências:

SILVA, Luciane de Souza Valente da; SOUZA, Gisele Gonçalves de; et al. Micronutrientes na gestação e lactação.Rev. bras. saúde matern. infant; 7(3): 237-244, jul.-set. 2007. Tab.

RAMALHO, Andréa ; PADILHA Patrícia; et al.  Análise crítica de estudos brasileiros sobre deficiência de vitamina A no grupo materno-infantil. Rev Paul Pediatr 2008;26(4):392-9.


SANTOS, Emanuelle Natalee; VELARDE, Luis Guillermo Coca; et al. Associação entre deficiência de vitamina A e variáveis socioeconômicas, nutricionais e obstétricas de gestantes. Ciência & Saúde Coletiva, 15(Supl. 1):1021-1030, 2010.

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