quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uso de antibióticos para dor de garganta

A dor de garganta é muito comum em nossas vidas e pode ter várias causas, sendo algumas delas infecciosas. A infecção por vírus ou por bactérias exige tratamentos diferentes. A infecção por vírus é responsável por mais de 90% dos casos em adultos e de 80% em crianças, sendo, então, contraindicado o uso de antibióticos. Na infecção viral, a cura é espontânea em cerca de uma semana e não deixa nenhuma sequela.

Por outro lado, há grande receio quando a infecção é por alguns tipos de bactérias, pois podem ocasionar problemas como a febre reumática. Nesse caso, pode haver complicações articulares e cardíacas. Quando a causa da faringite for efetivamente por um tipo de bactéria, o uso de antibióticos é fortemente recomendado, mesmo que a doença seja autolimitada, ou seja, a cura se dê de forma espontânea. O uso de antibiótico efetivamente diminui o risco de febre reumática e as complicações cardíacas.

Esse receio da infecção bacteriana pode induzir o uso excessivo e desnecessário de antibióticos. E o pior é que alguns estudos mostram o quanto é difícil, utilizando-se apenas dos sintomas, realizar um diagnóstico diferencial da causa da dor de garganta, se por vírus ou bactéria. Para melhor direcionar o tratamento, existe, no mercado, um teste diagnóstico que rapidamente define se a infecção é por bactérias. Se fosse mais usado, haveria a redução do uso inadequado de antibiótico.

A importância desse teste cresce com as conclusões de um estudo que revisou todas as publicações científicas produzidas desde 1945 sobre o uso de antibióticos em dor de garganta. E concluiu que os benefícios absolutos do uso desses medicamentos são pequenos, não justificando o seu uso generalizado. A decisão médica pelo uso do antibiótico deve ser de forma específica, analisando-se individualmente o caso.

Esse estudo foi divulgado por uma organização internacional, com unidades em diversos países, que desenvolve essas revisões e está baseado em evidências científicas consideradas fortes porque relaciona respostas numerosas. O estudo em questão envolveu 12.835 casos derivados de 61 estudos diferentes. A leitura dos trabalhos é feito de forma sistematizada, utilizando-se técnicas apropriadas, dando ao resultado final maior evidência do quando se apropria dos trabalhos de forma individualizada. Dependendo da técnica usada, os estudos são chamados de Revisão Sistemática ou de Metanálise. Esse tipo de estudo assume cada vez maior importância, cooperando a decisão médica.

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.

* Publicado originalmente no Jornal da Orla

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