segunda-feira, 30 de maio de 2016

Uso paliativo da morfina: o conforto na morte

Atualmente, os avanços científicos e tecnológicos na área da saúde permitem melhorar os índices de cura de muitas doenças. No entanto, junto com o desenvolvimento científico, surge uma nova situação: a dificuldade de estabelecer o limite de aplicação das ciências associados a doenças potencialmente incuráveis. A medicina paliativa vem de encontro a isso, defendendo que os doentes e seus familiares têm direitos e necessidades que devem ser satisfeitos independente do resultado final do tratamento da doença em si.

O tratamento paliativo vem se fortalecendo como uma alternativa de cuidado aos pacientes portadores de doenças em fase terminal, como câncer, algumas doenças neurológicas, respiratórias, infecciosas e cardiovasculares. Quando a causa da doença não pode ser curada, os sintomas são cobertos com tratamentos específicos, fazendo uso de analgésicos opioides, não opioides e antieméticos, por exemplo. Nesse cenário, a morfina é utilizada para o alívio da dor severa e também pode ser usada como sedativo.

A morfina é considerada um opioide forte e deve ser utilizada apenas a partir da classificação de dor severa na escala de dor. A dose administrada irá depender da intensidade da dor, do histórico do paciente com relação ao uso de analgésicos e da sua tolerância aos efeitos adversos. Dependendo da dose, a morfina também pode apresentar toxicidade neurológica. A problemática da habituação, ou dependência, no contexto paliativo não é relevante.

A dor é uma experiência subjetiva influenciada por fatores comportamentais, ambientais, psicológicos, familiares, entre outros. A avaliação da dor deve ser feita através de métodos e escalas apropriados de acordo com a idade e desenvolvimento de cada paciente, sempre que possível através de autoavaliação.

Em 1986, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um modelo clínico eficaz para o manejo da dor. Esse modelo serve até os dias atuais, é validado e aceito mundialmente, com base em alguns princípios básicos como: o medicamento deve ser administrado por via oral sempre que possível, em horário regular e não apenas quando sentir dor, de acordo com as necessidades específicas do paciente. Deve-se também fazer uso medicamentos adjuvantes e de acordo com a escala de dor. Esses adjuvantes também podem ser utilizados para minimizar os efeitos adversos dos opioides, como por exemplo náuseas e constipação.

Os cuidados paliativos devem ser acompanhados por equipe multiprofissional, para que o paciente se sinta da melhor forma possível, usando apenas recursos necessários e imprescindíveis para isso.

Thaís Damin Lima – 7º semestre do curso de Farmácia

Referências:

SALES, C. A. et al. Cuidados Paliativos: uma perspectiva de assistência integral à pessoa com neoplasia. Rev Bras Enferm, Brasília (DF), v. 56 n. 5, p. 566-569. Set/out 2003.

HELENO, S. L .A. Cuidados Paliativos em Pediatria. Revista Evidências. Oliveira de Azeméis. Nº Apresentação, p. 41-49. Abr/2013.

CARDOSO, M. G. M. Controle da dor. Manual de Cuidados Paliativos da ANCP. São Paulo. p.86-103. 2010.



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