terça-feira, 9 de maio de 2017

Hemoderivados

Nos dias atuais, são menos comuns as transfusões de sangue utilizando-se do sangue total e tornando-se cada vez mais comum o aproveitamento de todas as partes presentes no sangue de forma fracionada. Um exemplo disso são os hemoderivados, medicamentos produzidos a partir do fracionamento das partes do sangue total. O sangue total pode ser dividido em quatro partes: as plaquetas, o plasma, o crioprecipitado e as hemácias. Cada parte do sangue tem uma função, inclusive terapêutica, e por meio do fracionamento dessas partes é possível aproveitar melhor as bolsas de sangue.

No plasma, há a presença de substâncias essenciais, como a albumina, algumas imunoglobulinas e os fatores de coagulação, substâncias capazes de ativar uma série de reações no organismo que levam à formação do coágulo. Um exemplo de pacientes que poderiam necessitar desses fatores de coagulação seriam os indivíduos hemofílicos, que, devido a problemas genéticos não produzem esses fatores que participam da formação do coágulo.

O que torna a produção desses medicamentos diferenciada é que só podem ser produzidos por meio do plasma humano, uma matéria-prima que não pode ser fabricada nem comprada, sendo dependente de doações.  É estratégia de alguns países, como na Alemanha e nos Estados Unidos, obter o plasma por meio de doadores remunerados, tendo um local específico para esta ação dentro das próprias indústrias produtoras de hemoderivados. Graças às legislações liberais que permitem a remuneração aos doadores, esses países conseguem produzir grandes quantidades desses medicamentos, diferente de países como o Brasil, que não permitem remunerar atos como esse.

Porém, o processo não é tão simples quanto parece. É necessário um alto investimento nas questões de transporte, conservação e produção do medicamento a partir do plasma. O sangue total que for destinado para este propósito precisa ficar a uma temperatura de congelamento de 1 a 10 ºC de maneira constante durante o transporte, não podendo ter interferências de temperatura nem físicas, como rompimento da embalagem ou danificação do lote.

Os hemoderivados são necessários, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), pela grande demanda por parte de pacientes que não produzem essas substâncias. O Brasil ainda não possui indústrias capazes de produzir esses medicamentos em uma escala que supra a demanda da população, sendo necessário encomendar de outros países. Apenas alguns portos estão autorizados a receber este tipo de medicamento, todos regulamentados e credenciados pela ANVISA. Qualquer substância utilizada para fim terapêutico pode ser considerada um medicamento, então sempre tire dúvidas com o seu médico ou farmacêutico.

João Gabriel Gouvêa da Silva - 5° semestre do curso de Farmácia

Referências:

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – Regularização de produtos – Importação.

Rede de Tecnologia e Informação do Rio de Janeiro – Hemoderivados. Disponível em: http://www.redetec.org.br/wp-content/uploads/2015/02/tr07_hemoderivados.pdf. Acesso em: 03 de abril de 2017.

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