quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Papel dos animais no desenvolvimento de fármacos

A experimentação em animais é realizada há muito tempo com a justificativa de utilizar outros organismos vivos para se estudar os efeitos de determinada substância. Obviamente, a pretensão é a de proteger os humanos de eventuais efeitos indesejados e tóxicos. Porém, a utilização desta metodologia tem gerado debates na comunidade científica, bem como na sociedade como um todo. Isso se deve ao fato de muitas pessoas se sensibilizarem com a sua utilização em testes e eventual sofrimento a que são submetidos.

Porém, para um medicamento ser comercializado é necessário sua submissão a diversos testes para garantir que sua eficácia comprovada. Além disso, esse trabalho permite definir as doses, possíveis efeitos tóxicos e ter os eventos colaterais definidos, garantindo segurança no uso do medicamento.

Inicialmente, o fármaco deve apresentar resultados positivos em culturas de células isoladas e outros testes laboratoriais. Após esses procedimentos, serão realizados testes em animais. Os roedores são os animais mais utilizados, quer pelo seu preço e facilidade de manutenção, ainda que o custo se mantenha alta. Mas outros animais podem ser usados. Passada essa importante etapa, o próximo processo seria os testes em humanos.

Com isso, os testes em animais diminuem a chance de ocorrer imprevistos ou fatalidades nos processos seguintes. Os animais de laboratório têm, justamente, o propósito de evidenciar a maneira clínica da atuação do fármaco no devido local de ação sem causar danos em outros tecidos. É irrefutável a importância de haver testes em animais durante o processo de desenvolvimento de fármacos. Mas o metabolismo do ser humano é mais complexo que dos animais utilizados em pesquisa. Assim sendo, mesmo tendo resultados positivos em animais, o efeito da droga pode ser mais tóxico ou muitas vezes nem apresentar resultados em humanos.

Os animais são utilizados em pesquisas pela falta de outros testes ou simulações que apresentem resultados confiáveis. É comum se pensar que os animais são tratados com crueldade durante esses testes, mas isso não é verdade. Há diversos procedimentos éticos que devem ser cumpridos para garantir que o animal sofra o menos possível e não agonize.

Normalmente, os testes em animais são evitados, pois os custos são altos e necessitam de grande cuidado e mão de obra para a manutenção dos animais. Assim, a tendência de testes em animais é sua redução conforme forem feitas descobertas que possam substituir esta metodologia. Mas há de se ressaltar que esses testes são necessários para que a saúde como um todo possa se desenvolver e gerar novos medicamentos para o combate das enfermidades.

João Gabriel Gouvêa da Silva – 6° semestre do curso de Farmácia

Referências:

GUIMARÃES, M.V. et al. Utilização de animais em pesquisas: breve revisão da legislação no Brasil. Rev. bioét. Impr. Brasília/DF, v.24, n.2, p. 217-24, 2016.

CALIXTO, J.B.; JUNIOR, J.M.S. Desenvolvimento de Medicamentos no Brasil: Desafios. Gaz. méd. Bahia, v.78, Suplemento 1, p.98-106, 2008.

VICENTE, A.M.; COSTA, M.C. Experimentação animal e seus limites: core set e participação pública. Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.24, n.3, p. 831-849, 2014.



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