quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Veganismo defende uma alimentação de origem vegetal

Ana Catarina Flaquer 
O veganismo é um estilo de vida que elimina da rotina alimentos e objetos de origem animal. No Brasil, ainda não há número oficiais de adeptos, porém, segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, a busca pelo termo “vegano” cresceu 1000% entre janeiro de 2012 e julho de 2016. Aliado a isso, o mercado de produtos veganos aumenta 40% ao ano no Brasil, demonstrando um crescimento da atenção a essa filosofia.

Há 10 anos a jornalista Ana Catarina Flaquer, de 33 anos, optou por novo estilo de vida. Sem consumir ou usar nada de origem animal – como carnes, leite, ovos, couro e até maquiagens testadas em animas – ela segue o vegetarianismo estrito. Porém, não se denomina vegana, porque, segundo ela, é extremamente difícil consumir alimentos e objetos totalmente livres de interferência animal.

“Hoje em dia, infelizmente, quase tudo que tem no mundo passa ou passou por algum, nem que seja resquício, de animal para servir o homem”. Ela exemplifica que, no conceito, o vegano não tomaria cerveja, não por possuir componentes animais, mas porque determinada marca patrocina rodeios. “Tenho toda uma consciência do conceito do veganismo”.

A decisão surgiu pelo amor de Ana Catarina aos animais e pela ideologia de não se sentir no direito de tirar uma vida para alimentação ou uso próprio. “Eu acho que não é justo”, explica. Defensora da proteção animal, uma somatória de sentimento e reflexões levou a opção. “Eu pensava: eu resgato cachorro e mato vaca? Resgato gato e como porco? Não faz sentido. É hipocrisia”.

Para a Ana Catarina, a maior dificuldade desse estilo de vida não é a minuciosa atenção ao que consome – seja alimentação ou objetos –, mas porque as pessoas a sua volta não entendem a opção. Ela conta que é comum o julgamento, como piadas e adjetivada de exagerada. “Ainda tem uma visão muito preconceituosa desse estilo de vida”.

O desafio, segundo a jornalista, é mostrar para os outros esse estilo e essa possibilidade. Apesar de mão impor sua ideologia, Ana Catarina acredita que pode, com o seu exemplo de vida, ir modificando os outros. “O maior desafio é isso: dar um exemplo para poder melhorar a vida daqueles que são mortos nesse intuito”. Mesmo com as restrições de alimentos, Ana Catarina não faz suplementação, por não ser necessário, em seu caso, para saúde.

Hoje, Ana Catarina está à frente do Projeto Ajuda Animal. Em abril, largou a carreira de 12 anos de jornalista e está cursando Medicina Veterinária para se dedicar aos animais. “Porque eles são minha razão de viver”, define.

NUTRIÇÃO – A nutricionista Renata Doratioto Albano, professora da UniSantos e coordenadora do Ambulatório de Nutrição, explica que a suplementação depende de cada organismo, podendo, ou não, ser necessária. Como o vegano restringe todos os alimentos de origem animal, a nutricionista destaca que se deve ter atenção a alguns nutrientes, como Vitamina B12 (encontrada nas carnes), Ferro, Cálcio, Zinco, Ômega 3 e Proteína.

Renata Doratioto Albano
Apesar desses nutrientes poderem ser encontrados em alimentos de origem animal, isso se dá em menor quantidade e de maneiras diferentes. Segundo a nutricionista, a proteína vegetal, por exemplo, não possui o alto valor biológico (com todos os aminoácidos essenciais) que a animal possui. O cálcio também necessita de cuidados, porque as bebidas vegetais – como de soja e amêndoas – pode não ter o mesmo aproveitamento do leite animal.

Renata ressalta que é importante um acompanhamento nutricional para evitar as doenças carenciais (quando há deficiência de minerais e vitaminas). “É preciso ficar atento a essas deficiências caso venham a aparecer”. Mesmo acreditando que uma dieta saudável deve conter alimentos tanto de origem animal quanto vegetal, ela destaca a importância do nutricionista respeitar e orientar o paciente dentro do estilo de vida escolhido, de maneira a chegar o mais próximo do que é considerada uma dieta equilibrada.

Em caso de crianças, Renata alerta que a atenção deve ser redobrada, uma vez que se pode restringir nutrientes importantes nessa fase de crescimento e desenvolvimento. Ela destaca que o organismo do adulto se adapta mais fácil às mudanças. Portando, a suplementação não entra no início da dieta vegana, mas sim se houver necessidade.

A coordenadora do Ambulatório de Nutrição destaca que, como o tipo dos nutrientes são diferentes, não é possível fazer totalmente uma equivalência entre alimentos de origem animal e vegetal. “A equivalência nunca vai ser exatamente igual. Porque não é o mesmo tipo de ferro, não é o mesmo tipo de proteína”, explica. Porém, ressalta que é possível uma alimentação vegana equilibrada e balanceada, com atenção aos nutrientes e a uma possível necessidade de suplementos, caso não atinja a recomendação.

Para quem pretende seguir essa dieta, a nutricionista explica que para incrementar a alimentação vegana, além de verduras, legumes e frutas, é importante uma dieta com cereais, leguminosas, óleos vegetais (como azeite), sementes oleaginosas (como nozes e castanhas), linhaça, bebidas vegetais e tofu. Porém, destaca que mesmo o vegano deve evitar muito óleo. “Não é porque está comendo coisa vegetal que vai mergulhar no óleo. Isso também tem que ser excluído da alimentação”, comenta.

Por Victória Meschini – 8º semestre do curso de Jornalismo


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