segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Depressão: a importância do diagnóstico e medicamento adequado

A depressão é uma condição de curso crônico e está frequentemente associada com incapacitação funcional e comprometimento da saúde física. Pacientes deprimidos apresentam limitação da sua atividade e bem-estar. A depressão é uma doença que não tem sido diagnosticada e tratada em sua totalidade. Entre 30-60% dos casos de depressão não são detectados por médicos clínicos gerais, quando em cuidados primários. Muitas vezes, também não há tratamento suficientemente adequado e específico.

Aproximadamente 70% da morbimortalidade associada à depressão pode ser prevenida com o tratamento correto. Quando comparada com as principais condições médicas crônicas, a depressão só tem equivalência em incapacitação às doenças isquêmicas cardíacas graves (doenças causadas por falta de suprimento sanguíneo), causando mais prejuízo no status de saúde do que angina, artrite, asma e diabetes.

A depressão é também um fator de risco importante para suicídio em adolescentes e adultos, sendo a terceira causa de morte em adolescentes entre 15 e 19 anos no mundo todo. O suicídio como causa de morte só é precedido por morte em assaltos e acidentes com meios de transporte, no sexo masculino, e por tumores e acidentes com meios de transporte, no sexo feminino.

A prevalência de depressão é de duas a três vezes mais frequente em mulheres do que em homens, considerando estudos de diferentes países e populações. A maior prevalência em mulheres é caracterizada a partir da adolescência, tendo grande associação com problemas educacionais, de relacionamento com colegas e autoimagem negativa. Em pacientes com infarto recente, o índice é maior que 30% e nos pacientes com câncer chega a mais de 45%.

Antes de iniciar um tratamento com antidepressivo é importante que o médico descarte o diagnóstico de transtorno bipolar. A mudança de diagnóstico de depressão para transtorno bipolar acontece em aproximadamente 10 a 20% dos casos. Isso é de grande relevância clínica pois os antidepressivos podem precipitar mania. Uma crise de mania pode se apresentar de diversas maneiras, inclusive com impulsividade e falta de autocontrole, pensamentos acelerados, irritabilidade, agressividade, sexualidade exacerbados, euforia, entre outros sinais.

A prescrição correta de antidepressivos está associada com a diminuição do risco de suicídio e, quando em continuação por seis meses, reduz em 50% o risco de recaídas. É importante a consulta com médico especializado para que haja diagnóstico correto e prescrição adequada. A automedicação nunca é recomendada, e no caso de depressão, a cada tratamento falho diminui-se a chance de que o próximo funcione.

A despeito da efetividade dos medicamentos, é muito importante o apoio e suporte familiar e social, principalmente, quando o quadro de depressão indicar nível leve ou moderado.

Thaís Damin Lima – 8º semestre do curso de Farmácia

Referências:

FLECK, M. P. et al. Revisão das diretrizes da Associação Médica Brasileira para o tratamento da depressão (Versão integral). Rev Bras Psiquiatr. v. 31,Supl I, S7-17, 2009.

CURATOLO, E; BRASIL, H. Depressão na infância: peculiaridades no diagnóstico e tratamento farmacológico. Rio de Janeiro. J Bras Psiquiatr. v. 54, n. 3, p. 170-176, 2005.

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