quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Vacinas: História, importância e eficácia

Vacinas: História, importância e eficácia

Foto: http://veja.abril.com.br
Nessa postagem iremos abordar um assunto importante na área da saúde, são as vacinas. Muitos têm medo de agulha, outros procuram outro jeito de se medicar para driblar a vacina. Mas poucos sabem sua história, sua importância e eficácia. Hoje teremos três textos de diferentes autores abordando este assunto, boa leitura.



A importância da Vacina

A história e origem da vacina têm versões variadas e entrelaçadas. Em alguns livros como "A História e suas epidemias: a convivência dos homens com os microorganismos", do médico Stefan Cunha Ujvari, lançado pela Editora Senac, conta que o primeiro método de imunização foi criada pelos chineses. Outra versão, conta que no fim do século XVIII, em 1796, o médico e cientista britânico Edward Jenner desenvolveu a vacina da varíola, depois de ter observado que as vacas apresentavam sintomas semelhantes a da varíola humana e que as pessoas que tinha contato com essas vacas, manifestavam uma versão mais suave da doença e não se contaminavam com o vírus humano, então ele passou a utilizar o pus das feridas das vacas para imunizar as pessoas, daí a origem ao nome “vacina”, Jenner usou o termo “varíola da vaca” em latim: "variola vaccinae” que, com o tempo, acabou popularizado o termo “inoculação da vacina”.
Mas o cientista mais conhecido é o químico francês Louis Pasteur, que proporcionou uma grande evolução no processo do desenvolvimento das vacinas.
A vacina é um produto biológico produzido a partir de vírus ou bactérias. Para que a vacina produza imunidade sem provocar a doença, ela pode ser composta por fragmentos (proteínas) ou produtos (toxinas) destes microorganismos, ou mesmo com eles inteiros, porém mortos ou atenuados.
Vírus ou bactérias atenuados são microorganismos que são modificados em laboratório, para que sua capacidade de reprodução seja alterada , tendo uma proliferação dentro dos nosso corpo bem menor do que de um vírus e bactéria que não sofre esse tipo de alteração. São atenuados em laboratório até o ponto em que continuam vivos e capazes de se reproduzir, mas que não possam causar doenças graves.
A imunização tem como finalidade erradicar ou manter sobre controle inúmeras doenças virais ou bacterianas, imunizando pessoas ou animais.
Hoje as vacinas fazem parte da nossa vida, por serem importantíssimas e essenciais para uma vida saudável, mas também por fazerem parte das nossas obrigações como cidadão.
Atualmente as vacinas são consideradas muito eficazes e seguras. Está entre os produtos farmacêuticos mais seguros para o uso humano, proporcionando muitos benefícios à saúde publica de um país.
As vacinas podem causar reações adversas locais ou sistêmicas e podem ser leves, moderadas ou severas dependendo da intensidade. Algumas vacinas podem produzir mais reações do que outras, em função do micro-organismo ou de seus constituintes. Os sintomas mais comuns são: dor e inchaço no local da aplicação, febre e mal estar. A incidência e a gravidade desses efeitos adversos são muito raras e menores que o impacto da própria doença. Portanto, as vantagens da imunização superam, em muito, os efeitos colaterais.
No Brasil a vacinação é coordenada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O PNI determina o local, cidade ou estado, onde serão distribuídas as vacinas e quais as pessoas mais vulneráveis à doença, dando prioridade a elas. Crianças, gestantes, idosos e portadores de doenças crônicas são os grupos mais suscetíveis e, portanto, prioritários.
O PNI também define o calendário de vacinação do Brasil, que corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interesse prioritário à saúde pública do país. Atualmente é constituído por 12 produtos recomendados à população, desde o nascimento até a terceira idade e são distribuídos gratuitamente nos postos de vacinação da rede pública.
 O Calendário das Crianças se propõe a imunizar crianças de 0 a 10 anos de idade.  O Calendário dos Adolescentes, que muitas vezes são a segunda, terceira ou reforço das doses de vacinas aplicadas na infância, são dadas a adolescentes de 11 a 19 anos; Calendário dos adulto e dos idoso que são dadas a pessoas de 20 a 60 anos ou mais, imunizando contra gripe que são administrada com doses anuais e também reforços de vacinas já aplicadas; Calendário da população indígena que é a junção de nossos calendários mas com a programação direcionada para a população indígena.
As vacinas consideradas essenciais para a qualidade de vida da população são distribuídas gratuitamente pelo Sistema Único Saúde (SUS) e as demais, mas não menos importantes, são pagas e podem ser encontradas em clínicas e hospitais particular.
 Lembrando que no site do Ministério da Saúde está disponível todas as informação sobre a vacinação, desde as ações exercidas pelo PNI até os calendários de vacinação.   


Texto: Thaíris Alves de Queiroz (aluna do 4º semestre de Farmácia)

Produção e inovação das vacinas

A vacinação é a maneira mais eficaz de se evitar diversas doenças imunopreveníveis, com o objetivo principal de erradicação, eliminação e controle destas.  Consiste na inoculação de um antígeno na corrente sanguínea de uma pessoa, visando à produção de anticorpos. No Brasil muitas doenças são prevenidas desta forma, como: varíola (erradicada), poliomielite (paralisia infantil), sarampo, tuberculose, rubéola, gripe, hepatite B, febre amarela, entre outras.
Hoje 77% dos imunobiológicos têm origem nacional, isso porque, na década de 80 foi criado, pelo Ministério da Saúde, o Programa de Auto-Suficiência Nacional em Imunobiológicos (Pasni). A idéia básica é estabelecer uma ação coordenada entre os produtores nacionais, estimulando os investimentos e a melhoria da qualidade da produção local, com a finalidade de se atingir a auto-suficiência nos produtos vinculados aos programas de saúde do calendário básico de imunização. Fazem parte do programa sete laboratórios oficiais: Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz-RJ), Butantan (SP), Instituto Vital Brazil (IVB-RJ), Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar-PR), Fundação Ezequiel Dias (Funed-MG), Fundação Ataulfo de Paiva (FAP-RJ) e Instituto de Pesquisas Biológicas (IPB-RS). Desde então, estão sendo obtidos alguns resultados expressivos como a melhoria da qualidade da produção — pelos padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS). Mesmo assim, o país ainda depende fortemente de importações de algumas vacinas, como a contra a pólio oral, meningite B/C, entre outras.
Novidades em vacinas continuam surgindo no Brasil e no exterior. A empresa farmacêutica estatal cubana que apresentou recentemente seus novos produtos contra o câncer, entre os quais uma vacina. Esta vacina teria sido capaz de melhorar o estado de 56 pacientes ainda não submetidos à radioterapia ou quimioterapia, em dois hospitais de Cuba.
Outra notícia sobre inovação é nacional: durante o 18º Congresso Internacional de Medicina Tropical e Malária, no Rio de Janeiro, foi divulgado por membros do Ministério da Saúde que bactéria (Wolbachia) e novas vacinas podem livrar Brasil da dengue daqui cinco a 10 anos. O trabalho reúne pesquisadores em cinco países: Austrália, Brasil, China, Indonésia e Vietnã. Eles conseguiram introduzir a bactéria nos ovos do Aedes aegypti e descobriram que, ao contaminar o mosquito, a bactéria diminuía pela metade a vida dele, além de eliminar os vírus da dengue que o contaminavam.
No mesmo congresso, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), vinculado ao Ministério da Saúde, divulgou que já começou a fase de ensaios pré-clínicos em animais para verificar a eficiência da vacina contra a malária no Brasil e estima-se que os ensaios clínicos em humanos poderão começar a ser feitos em 2013.
Ainda no Brasil, pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) estão testando uma nova estratégia de vacinação contra uma doença causada pelo fungo Paracoccidiodes brasiliensis, comum em áreas rurais. A doença causa um processo inflamatório crônico que leva à formação de fibrose nos tecidos afetados. Os tratamentos existentes são demorados e causam efeitos colaterais pesados. Por isso, uma vacina terapêutica, capaz de estimular o sistema imunológico a combater a doença é uma aposta tanto para os pesquisadores envolvidos como para a população no geral.

Texto: Tábitha Cristina Mendes de França

Vacinas: um desafio para o Brasil

Entre os maiores avanços observados na área da saúde, a imunização vem ocupando um espaço progressivamente maior em todo o mundo representando um dos principais fatores de promoção de saúde e prevenção de doenças. O Brasil tem um Programa Nacional de Imunizações considerado como um dos mais completos dentre os países em desenvolvimento. Porém, quando se trata do desenvolvimento de vacinas ainda temos um longo caminho a percorrer.
O objetivo de toda a vacinação é induzir imunidade específica contra um microrganismo com potencial patogênico. As infecções que são limitadas aos hospedeiros humanos e sejam causadas por fracos agentes infecciosos, cujos antígenos são relativamente invariantes, têm maior probabilidade de serem controladas pela vacinação. Por outro lado, a variação antigênica, a existência de reservatórios animais ou ambientais de infecção e a alta infectividade dos microrganismos tornam menos provável que a vacinação isoladamente possa erradicar uma doença infecciosa em particular.
Nas últimas décadas, o advento da biotecnologia moderna e o desenvolvimento de vacinas derivadas de tecnologia DNA recombinante e outras abordagens tecnológicas abriram perspectivas e possibilidades econômicas, motivando laboratórios multinacionais a fazerem grandes investimentos em inovação tecnológica de vacinas. Os grandes laboratórios multinacionais estão investindo maciçamente em inovação tecnológica de novas vacinas, o que possibilitará o lançamento de novas importantes vacinas, de alto valor agregado.
Será muito importante que o governo brasileiro reforce os investimentos em inovação tecnológica e mantenha a política de introduzir novas vacinas, com a incorporação da respectiva tecnologia de produção pelos laboratórios nacionais, de tal forma a possibilitar a manutenção da capacitação tecnológica e a produção desses insumos estratégicos para a saúde pública no país. Doenças crônicas e recorrentes, como o HIV, a malária e a tuberculose afetam muitas pessoas no Brasil e investimentos contínuos em pesquisas de vacinas contra essas doenças ainda são necessários.

HOMMA, A. et al. Vaccines, immunization and technological innovation: an update. Ciência & Saúde Coletiva, 16(2), p. 445-458, 2011.
SADANAND. Vaccination: the Present and the Future. Yale Journal of Biology and Medicine, 84, p.353-359, 2011.
Texto: Professora mestre Marlene Rosimar da Silva Vieira (coordenadora do curso de Farmácia)



      

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