Vacinas: História, importância e eficácia
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Nessa postagem iremos abordar um assunto importante na área da saúde, são as vacinas. Muitos têm medo de agulha, outros procuram outro jeito de se medicar para driblar a vacina. Mas poucos sabem sua história, sua importância e eficácia. Hoje teremos três textos de diferentes autores abordando este assunto, boa leitura.
A importância da Vacina
A história e origem da vacina têm versões variadas
e entrelaçadas. Em alguns livros como "A História e suas epidemias: a
convivência dos homens com os microorganismos", do médico Stefan Cunha
Ujvari, lançado pela Editora Senac, conta que o primeiro método de imunização
foi criada pelos chineses. Outra versão, conta que no fim do século XVIII, em
1796, o médico e cientista britânico Edward Jenner desenvolveu
a vacina da varíola, depois de ter observado que as vacas apresentavam sintomas
semelhantes a da varíola humana e que as pessoas que tinha contato com essas
vacas, manifestavam uma versão mais suave da doença e não se contaminavam com o
vírus humano, então ele passou a utilizar o pus das feridas das vacas para
imunizar as pessoas, daí a origem ao nome “vacina”, Jenner usou o termo
“varíola da vaca” em latim: "variola vaccinae” que, com o tempo, acabou
popularizado o termo “inoculação da vacina”.
Mas o cientista mais conhecido é o químico
francês Louis Pasteur, que proporcionou uma grande evolução no processo do desenvolvimento
das vacinas.
A vacina é um produto biológico produzido a
partir de vírus ou bactérias. Para que a vacina produza imunidade sem provocar
a doença, ela pode ser composta por fragmentos (proteínas) ou produtos
(toxinas) destes microorganismos, ou mesmo com eles inteiros, porém mortos ou
atenuados.
Vírus ou bactérias atenuados são microorganismos
que são modificados em laboratório, para que sua capacidade de reprodução seja
alterada , tendo uma proliferação dentro dos nosso corpo bem menor do que de um
vírus e bactéria que não sofre esse tipo de alteração.
São atenuados em laboratório até o ponto em que continuam vivos e capazes de se
reproduzir, mas que não possam causar doenças graves.
A imunização tem como finalidade erradicar ou
manter sobre controle inúmeras doenças virais ou bacterianas, imunizando pessoas
ou animais.
Hoje as vacinas fazem parte da nossa vida,
por serem importantíssimas e essenciais para uma vida saudável, mas também por fazerem
parte das nossas obrigações como cidadão.
Atualmente as vacinas são consideradas muito eficazes
e seguras. Está entre os produtos farmacêuticos mais seguros para o uso humano,
proporcionando muitos benefícios à saúde publica de um país.
As vacinas podem causar reações adversas
locais ou sistêmicas e podem ser leves, moderadas ou severas dependendo da
intensidade. Algumas vacinas podem produzir mais reações do que outras, em
função do micro-organismo ou de seus constituintes. Os sintomas mais comuns
são: dor e inchaço no local da aplicação, febre e mal estar. A incidência e a
gravidade desses efeitos adversos são muito raras e menores que o impacto da
própria doença. Portanto, as vantagens da imunização superam, em muito, os
efeitos colaterais.
No Brasil a vacinação é coordenada pelo Programa Nacional
de Imunizações (PNI) da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da
Saúde. O PNI determina o local, cidade ou estado, onde serão distribuídas as
vacinas e quais as pessoas mais vulneráveis à doença, dando prioridade a elas.
Crianças, gestantes, idosos e portadores de doenças crônicas são os grupos mais
suscetíveis e, portanto, prioritários.
O PNI também define o calendário de vacinação do Brasil, que
corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interesse prioritário à
saúde pública do país. Atualmente é constituído por 12 produtos recomendados à
população, desde o nascimento até a terceira idade e são distribuídos
gratuitamente nos postos de vacinação da rede pública.
Existem quatro calendários, o Calendário Básico de Vacinação da Criança, Calendário de Vacinação do Adolescente, Calendário de Vacinação do Adulto e do Idoso e o
Calendário de Vacinação da População Indígena.
O Calendário das
Crianças se propõe a imunizar crianças de 0 a 10 anos de idade. O Calendário dos Adolescentes, que muitas
vezes são a segunda, terceira ou reforço das doses de vacinas aplicadas na
infância, são dadas a adolescentes de 11 a 19 anos; Calendário dos adulto e dos idoso que
são dadas a pessoas de 20 a 60 anos ou mais, imunizando contra gripe que são
administrada com doses anuais e também reforços de vacinas já aplicadas; Calendário da população indígena que
é a junção de nossos calendários mas com a programação direcionada para a
população indígena.
As vacinas consideradas essenciais para a
qualidade de vida da população são distribuídas gratuitamente pelo Sistema Único
Saúde (SUS) e as demais, mas não menos importantes, são pagas e podem ser
encontradas em clínicas e hospitais particular.
Lembrando que no site do Ministério da
Saúde está disponível todas as informação sobre a vacinação, desde as ações
exercidas pelo PNI até os calendários de vacinação.
Texto: Thaíris Alves de Queiroz (aluna do 4º semestre de Farmácia)
Produção e inovação das vacinas
A vacinação é a maneira mais
eficaz de se evitar diversas doenças imunopreveníveis, com o objetivo principal
de erradicação, eliminação e controle destas. Consiste na inoculação de um antígeno na
corrente sanguínea de uma pessoa, visando à produção de anticorpos. No Brasil
muitas doenças são prevenidas desta forma, como: varíola (erradicada),
poliomielite (paralisia infantil), sarampo, tuberculose, rubéola, gripe,
hepatite B, febre amarela, entre outras.
Hoje 77% dos imunobiológicos têm origem nacional, isso
porque, na década de 80 foi criado, pelo Ministério da Saúde, o Programa de
Auto-Suficiência Nacional em Imunobiológicos (Pasni). A idéia básica é
estabelecer uma ação coordenada entre os produtores nacionais, estimulando os
investimentos e a melhoria da qualidade da produção local, com a finalidade de
se atingir a auto-suficiência nos produtos vinculados aos programas de saúde do
calendário básico de imunização. Fazem parte do programa sete laboratórios
oficiais: Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos
(Biomanguinhos/Fiocruz-RJ), Butantan (SP), Instituto Vital Brazil (IVB-RJ),
Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar-PR), Fundação Ezequiel Dias (Funed-MG),
Fundação Ataulfo de Paiva (FAP-RJ) e Instituto de Pesquisas Biológicas (IPB-RS).
Desde então, estão sendo obtidos alguns resultados expressivos como a melhoria
da qualidade da produção — pelos padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mesmo assim, o país ainda depende fortemente de importações de algumas vacinas,
como a contra a pólio oral, meningite B/C, entre outras.
Novidades
em vacinas continuam surgindo no Brasil e no exterior. A empresa farmacêutica
estatal cubana que apresentou recentemente seus novos produtos contra o câncer,
entre os quais uma vacina. Esta vacina teria sido capaz de melhorar o estado de
56 pacientes ainda não submetidos à radioterapia ou quimioterapia, em dois
hospitais de Cuba.
Outra
notícia sobre inovação é nacional: durante o 18º Congresso Internacional de
Medicina Tropical e Malária, no Rio de Janeiro, foi divulgado por membros do
Ministério da Saúde que bactéria (Wolbachia) e novas vacinas podem livrar
Brasil da dengue daqui cinco a 10 anos. O trabalho reúne pesquisadores em cinco
países: Austrália, Brasil, China, Indonésia e Vietnã. Eles conseguiram
introduzir a bactéria nos ovos do Aedes aegypti e descobriram que, ao
contaminar o mosquito, a bactéria diminuía pela metade a vida dele, além de
eliminar os vírus da dengue que o contaminavam.
No
mesmo congresso, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), vinculado ao Ministério da
Saúde, divulgou que já começou a fase de ensaios pré-clínicos em animais para
verificar a eficiência da vacina contra a malária no Brasil e estima-se que os
ensaios clínicos em humanos poderão começar a ser feitos em 2013.
Ainda
no Brasil, pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade
de São Paulo (FCF-USP) estão testando uma nova estratégia de vacinação contra
uma doença causada pelo fungo Paracoccidiodes brasiliensis, comum em áreas
rurais. A doença causa um processo inflamatório crônico que leva à formação de
fibrose nos tecidos afetados. Os
tratamentos existentes são demorados e causam efeitos colaterais pesados. Por isso,
uma vacina terapêutica, capaz de estimular o sistema imunológico a combater a
doença é uma aposta tanto para os pesquisadores envolvidos como para a
população no geral.
Texto: Tábitha Cristina Mendes de França
Vacinas: um desafio para o Brasil
Entre os maiores avanços observados na área da saúde, a
imunização vem ocupando um espaço progressivamente maior em todo o mundo
representando um dos principais fatores de promoção de saúde e prevenção de
doenças. O Brasil tem um Programa Nacional de Imunizações considerado como um
dos mais completos dentre os países em desenvolvimento. Porém, quando se trata
do desenvolvimento de vacinas ainda temos um longo caminho a percorrer.
O objetivo de toda a vacinação é induzir imunidade
específica contra um microrganismo com potencial patogênico. As infecções que
são limitadas aos hospedeiros humanos e sejam causadas por fracos agentes
infecciosos, cujos antígenos são relativamente invariantes, têm maior
probabilidade de serem controladas pela vacinação. Por outro lado, a variação
antigênica, a existência de reservatórios animais ou ambientais de infecção e a
alta infectividade dos microrganismos tornam menos provável que a vacinação isoladamente
possa erradicar uma doença infecciosa em particular.
Nas últimas décadas, o advento da biotecnologia moderna
e o desenvolvimento de vacinas derivadas de tecnologia DNA recombinante e
outras abordagens tecnológicas abriram perspectivas e possibilidades
econômicas, motivando laboratórios multinacionais a fazerem grandes
investimentos em inovação tecnológica de vacinas. Os grandes laboratórios
multinacionais estão investindo maciçamente em inovação tecnológica de novas
vacinas, o que possibilitará o lançamento de novas importantes vacinas, de alto
valor agregado.
Será muito importante que o governo brasileiro
reforce os investimentos em inovação tecnológica e mantenha a política de introduzir
novas vacinas, com a incorporação da respectiva tecnologia de produção pelos
laboratórios nacionais, de tal forma a possibilitar a manutenção da capacitação
tecnológica e a produção desses insumos estratégicos para a saúde pública no
país. Doenças crônicas e recorrentes, como o HIV, a malária e a tuberculose
afetam muitas pessoas no Brasil e investimentos contínuos em pesquisas de
vacinas contra essas doenças ainda são necessários.
HOMMA, A.
et al. Vaccines, immunization and technological innovation: an update. Ciência
& Saúde Coletiva, 16(2), p. 445-458, 2011.
SADANAND. Vaccination: the Present and the Future.
Yale Journal of Biology and Medicine, 84, p.353-359, 2011.
Texto: Professora mestre Marlene Rosimar da Silva Vieira (coordenadora do curso de Farmácia)
Recomenda-se: Artigo da professora doutora Rosane Oliveira junto de outros autores relacionado ao assunto (em inglês)
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