Quando as reações adversas compensam
As
reações adversas são os efeitos prejudiciais ou os sintomas indesejáveis que podem
vir a ocorrer no uso de medicamentos. Quem tem o costume de ler a bula sabe o
quão assustadoras podem ser. Por isso é de grande importância que sejamos muito
cuidadosos ao fazer uso de um medicamento.
Mas,
apesar de parecer assustador, é importante saber que ao analisar o risco/beneficio
de um medicamento, as vantagens sempre deverão ser maiores que as desvantagens.
Um
exemplo é a digoxina. Esse fármaco é utilizado no
tratamento de pacientes portadores de coração enfraquecido (insuficiência
cardíaca). É uma substância que aumenta a força do coração, fazendo com que ele
bombeie melhor o sangue. O seu uso nessa doença tem muitos benefícios, porem se
corre um risco também muito grande. A qualidade de vida de um indivíduo com
insuficiência cardíaca é muito melhorada pela medicação.
Em contrapartida, a sua dosagem, sempre muito pequena, tem de ser
muito bem administrada. A dose terapêutica prevista é muito próxima de uma dose
capaz de provocar a intoxicação. Assim, quando ingerido de forma incorreta, as reações
tóxicas indesejáveis da digoxina normalmente acontecem. Os pacientes podem ter
alterações do ritmo cardíaco, como o coração bater mais devagar ou mais rápido. Bem como a perda de apetite, náuseas e
vômitos, diarreia, dores de cabeça, cansaço muscular, depressão, sonolência,
confusão mental, alteração na visão de cores, delírios, machucados e erupções
(manchas e placas) na pele.
Em
casos de intoxicações em crianças ocorrem alterações do ritmo cardíaco,
principalmente fazendo o coração bater mais devagar. Também pode acontecer de
homens terem um aumento das mamas.
A
insuficiência cardíaca é uma doença
grave e interfere na qualidade e no tempo de vida. A incapacidade
do coração em efetuar as suas funções de forma adequada aumenta o risco de morte por esta
enfermidade. Então, se compararmos a gravidade da doença e a melhoria na
qualidade de vida conseguida pelo uso da medicação contra o risco de
intoxicação, podemos concluir que é preferível a opção pelo medicamento. Ou
seja, vale a pena continuar com o tratamento com a digoxina, mesmo com todos os
sintomas citados nas reações adversas.
Outros
exemplos de efeitos colaterais bastante conhecidos são a sonolência após ingerir um
antialérgico, a ocorrência de tosse com o uso de captopril ou ainda irritação
no estômago decorrente do consumo de determinados antibióticos. De qualquer
forma, a maioria dos efeitos colaterais é temporária, ou seja, o desconforto e
incomodo serão sentidos por um curto intervalo de tempo e mesmo assim o fármaco
fará o seu feito de cura ou alívio esperado.
Por isso, quando os
sintomas parecerem sair da normalidade estes devem ser relatados ao médico e,
este sim, poderá fazer a diminuição da dosagem de forma correta. Outras opções
são a troca do medicamento ou, até mesmo, sugerir medidas que minimizem os
sintomas ruins. Mudanças de horário de consumo ou aumentar a ingestão de água
já podem bastar. Lembrando que só o médico pode interromper ou modificar um
tratamento terapêutico, e que um farmacêutico pode auxiliar tirando todas as
suas dúvidas.
Confira o artigo relacionado à Farmacovigilância escrito por Tábitha Cristina Mendes de França em "Artigos".
Recomendação: Coluna do Professor Dr. Paulo Lorandi no Jornal da Orla.
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