terça-feira, 25 de setembro de 2012

Farmacovigilância


Quando as reações adversas compensam


As reações adversas são os efeitos prejudiciais ou os sintomas indesejáveis que podem vir a ocorrer no uso de medicamentos. Quem tem o costume de ler a bula sabe o quão assustadoras podem ser. Por isso é de grande importância que sejamos muito cuidadosos ao fazer uso de um medicamento.
Mas, apesar de parecer assustador, é importante saber que ao analisar o risco/beneficio de um medicamento, as vantagens sempre deverão ser maiores que as desvantagens.
Um exemplo é a digoxina. Esse fármaco é utilizado no tratamento de pacientes portadores de coração enfraquecido (insuficiência cardíaca). É uma substância que aumenta a força do coração, fazendo com que ele bombeie melhor o sangue. O seu uso nessa doença tem muitos benefícios, porem se corre um risco também muito grande. A qualidade de vida de um indivíduo com insuficiência cardíaca é muito melhorada pela medicação.
Em contrapartida, a sua dosagem, sempre muito pequena, tem de ser muito bem administrada. A dose terapêutica prevista é muito próxima de uma dose capaz de provocar a intoxicação. Assim, quando ingerido de forma incorreta, as reações tóxicas indesejáveis da digoxina normalmente acontecem. Os pacientes podem ter alterações do ritmo cardíaco, como o coração bater mais devagar ou mais rápido.  Bem como a perda de apetite, náuseas e vômitos, diarreia, dores de cabeça, cansaço muscular, depressão, sonolência, confusão mental, alteração na visão de cores, delírios, machucados e erupções (manchas e placas) na pele.
Em casos de intoxicações em crianças ocorrem alterações do ritmo cardíaco, principalmente fazendo o coração bater mais devagar. Também pode acontecer de homens terem um aumento das mamas.
A insuficiência cardíaca é uma doença grave e interfere na qualidade e no tempo de vida. A incapacidade do coração em efetuar as suas funções de forma adequada aumenta o risco de morte por esta enfermidade. Então, se compararmos a gravidade da doença e a melhoria na qualidade de vida conseguida pelo uso da medicação contra o risco de intoxicação, podemos concluir que é preferível a opção pelo medicamento. Ou seja, vale a pena continuar com o tratamento com a digoxina, mesmo com todos os sintomas citados nas reações adversas.    
Outros exemplos de efeitos colaterais bastante conhecidos são a sonolência após ingerir um antialérgico, a ocorrência de tosse com o uso de captopril ou ainda irritação no estômago decorrente do consumo de determinados antibióticos. De qualquer forma, a maioria dos efeitos colaterais é temporária, ou seja, o desconforto e incomodo serão sentidos por um curto intervalo de tempo e mesmo assim o fármaco fará o seu feito de cura ou alívio esperado.    
Por isso, quando os sintomas parecerem sair da normalidade estes devem ser relatados ao médico e, este sim, poderá fazer a diminuição da dosagem de forma correta. Outras opções são a troca do medicamento ou, até mesmo, sugerir medidas que minimizem os sintomas ruins. Mudanças de horário de consumo ou aumentar a ingestão de água já podem bastar. Lembrando que só o médico pode interromper ou modificar um tratamento terapêutico, e que um farmacêutico pode auxiliar tirando todas as suas dúvidas.

Texto: Thairis Alves de Queiroz (aluna do 4º semestre do curso de Farmácia)

Confira o artigo relacionado à Farmacovigilância escrito por Tábitha Cristina Mendes de França em "Artigos".
Recomendação: Coluna do Professor Dr. Paulo Lorandi no Jornal da Orla.

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