Uma vez lançado comercialmente, como todo produto, há intensa movimentação para enaltecer o produto como inovador e a indústria produtora como grande empreendedora. Este medicamento é divulgado como moderno e de “última geração”, ressaltando-se em demasia suas vantagens terapêuticas. Com o passar do tempo, evidenciam-se os eventos adversos de seu uso, de algum modo esperados pelo meio científico, mas não detectados no processo de licenciamento. Aquele que é conhecedor desse processo não se abala com algumas “denúncias” que surgem na tentativa de apresentar o medicamento como um “veneno” e que podem marginalizar o uso desses medicamentos.
Exemplo disso é a divulgação de uma série de reportagens por parte de uma conhecida revista, a partir do ano de 2006, que introduziram os incretinomiméticos como uma inovadora ‘arma’ no controle do diabetes, mas acima de tudo, apresentando o medicamento como uma alternativa no tratamento da obesidade. Essas reportagens potencializaram a comercialização ao ponto de não-diabéticos passarem a consumi-lo com o intuito inadequado de emagrecimento, trazendo à tona então crises hipoglicemiantes, problemas de tireóide, renais, hepáticos, entre outros. De fato, havia fundamentação científica para essa finalidade, porém não haviam estudos clínicos que autorizassem o uso. No mês de abril (último), a Anvisa lançou nota esclarecendo a ocorrência de pancreatite e câncer de pâncreas majoritariamente em usuários não-diabéticos, o quê novamente tornou esta classe de medicamentos manchete. Atualmente, ainda não há estudos clínicos que indiquem o uso para o controle da obesidade.
O importante a ser realçado é que a indicação para todo medicamento só acontece após testes apurados que apresentem a perspectiva real da relação entre o risco e o benefício que o uso da substância estudada apresenta. Também é importante insistir que sempre existirão riscos em decorrência do uso, mesmo para o mais tradicional dos medicamentos, portanto a opção por sua utilização se dará somente quando as vantagens da administração forem superiores as reações adversas . Analisar as vantagens e as desvantagens é papel do médico.
Uma vez lançado o medicamento no mercado, o seu uso é acompanhado por uma nova ciência denominada farmacovigilância, a qual é uma importante ferramenta a serviço dos usuários de medicamento, na avaliação de prováveis causalidades entre fármaco e reações adversas. Por seus instrumentos e estruturas há o monitoramento de falhas terapêuticas para a notificação de efeitos colaterais indesejáveis, na recém inserção do fármaco no mercado ou na constante revisão de sua eficácia. Você pode colaborar relatando quaisquer ocorrências a seu médico e farmacêutico.
Suzana Silva de Oliveira – 9º semestre do curso de Farmácia
Suzana Silva de Oliveira – 9º semestre do curso de Farmácia
Referências
ANVISA. Ministério da Saúde. Anvisa reforça esclarecimentos sobre medicamento Victoza. Brasília: MS, 2011. Disponível em:<http://portal.anvisa.gov.br>.
BRASIL. Ministério da Saúde. A vigilância, o controle e a prevenção das doenças crônicas não-transmissíveis: DCNT no contexto do Sistema Único de Saúde brasileiro. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.
CRF-SP. Dispensação em terapias com incretinas requer prescrição. São Paulo: CRF, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. A vigilância, o controle e a prevenção das doenças crônicas não-transmissíveis: DCNT no contexto do Sistema Único de Saúde brasileiro. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.
CRF-SP. Dispensação em terapias com incretinas requer prescrição. São Paulo: CRF, 2014.
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