O nosso organismo funciona a base de reações químicas que
devem ser reguladas conforme a necessidade. Muitas substâncias, com as quais
entramos em contato por qualquer via, podem alterar a cadência dessas reações,
aumentando-as ou diminuindo-as. Ainda, que o nosso organismo consiga se
reordenar na presença dessas substâncias estranhas, há um limite de
concentração, quando extrapolado configura a intoxicação.
A maior parte das intoxicações que acontecem são controladas
apenas com tratamento de suporte, ou seja, monitorando-se as reações para a
manutenção da vida. Porém, algumas condições requerem a administração de antídotos
e de medicamentos específicos.
Para um bom controle do processo da intoxicação, algumas
informações são importantes: qual o produto envolvido (farmacêutico, não
farmacêutico ou droga ilícita); a via de exposição (ingestão, inalação ou pelo
contato com a pele); a quantidade ingerida estimada; e há quanto tempo ocorreu
a exposição. Essas informações devem ser processadas por um médico, o mais
rapidamente possível. Dependendo da substância, a diferença de minutos pode ser
fatal. Os procedimentos de desintoxicação têm evoluído e muitos estudos demonstram
que a lavagem gástrica ou intestinal, a indução do vômito e o estímulo para diarreias
são desnecessárias e, muitas vezes, provocam mais danos do que benefícios.
Esse volume de conhecimento gerado para o controle da
intoxicação tem sido sistematizado e disponibilizado em Centros de Informação
Toxicológicas, os quais dão suporte aos serviços de saúde sobre as melhores
práticas para prevenção e tratamento das intoxicações. Esses centros também padronizam
a melhor forma de diagnóstico, além de como proceder no seguimento da resposta
ao tratamento e dos efeitos observados.
Ainda não há substâncias antídotos para todos os
intoxicantes. Um recente estudo afirma que apenas um terço dos antídotos e
medicamentos conhecidos e recomendados para o tratamento de intoxicações estão
disponíveis comercialmente no Brasil. Analisando-se os protocolos de diversas
agências estrangeiras, os pesquisadores consideraram que seriam necessários 41
medicamentos diferentes e que apenas 16 estão disponíveis em nosso país.
Mas se considerarmos que quase 40% dos casos de intoxicação
relatados no Brasil são de crianças e de que os medicamentos são os agentes
intoxicantes mais importantes, a melhor estratégia para o tratamento das
intoxicações é a sua prevenção. Não guarde medicamentos de forma acessível às
crianças e não permita que elas tomem os remédios sozinhas. Caso necessite, a Anvisa
mantém um serviço para informações de atendimento e esclarecimento à
população, o Disque-Intoxicação pelo 0800-722-6001.
Se ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de
Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da UniSantos. O
contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM,
avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.
Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela UniSantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena
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