“O que é barato sai caro”, já diz o ditado. E não tem jeito. Por
mais que digam e até provem o contrário, tem sempre alguém que fica desconfiado
– não à toa. De acordo com a Pesquisa Comparativa de Preços de Medicamentos
realizada em 2016 pela Fundação Procon-SP, em Santos, a diferença de preço
entre originais e genéricos chegou a 55,10%. Nos primeiros dados divulgados na
pesquisa deste ano, a diferença chegou a 57,17% na capital paulista.
Docente no curso de Farmácia da
UniSantos, o professor doutor Paulo Angelo Lorandi conta que a diferença no
preço diz respeito principalmente ao fato de que os laboratórios que produzem
os medicamentos de referência, também conhecidos como originais, precisam ter o
retorno dos investimentos feitos para desenvolver o fármaco. Além disso, eles
gastam mais em estratégias de marketing para fixar a marca como referência. Por
isso os medicamentos de referência são mais caros.
De acordo com o farmacêutico, que é
coordenador do CIM, o barateamento no custo do medicamento entra em cena após o
período de vigência da patente do laboratório, que é o que garante a
exclusividade na comercialização daquele determinado produto. “Feito isso, o
custo do medicamento passa a ser apenas o custo direto, seja de produção ou
distribuição daqueles medicamentos”. Por isso os genéricos são mais baratos.
Segundo o médico Fábio Atz Guino,
quando os genéricos são produzidos por indústrias que têm tanta credibilidade
quanto os de referência, não há problema. Ainda assim, ele costuma receitar os
originais. “Eu confio muito mais no medicamento de referência do que no
medicamento genérico”.
Na dúvida, a auxiliar de
departamento pessoal Bianca Borba Gonçalves prefere não arriscar. Ela conta que
vai direto no original. “Para mim, se um
remédio original custa 60 reais e o genérico 30, por ser tão barato, alguma
coisa tem. E eu já passei por médicos que só recomendavam o original”. Bianca
conta ainda que tem receio de tomar medicamentos genéricos porque já ouviu
falar que muitos são feitos à base de “farinha” e “demoram mais para fazer
efeito”.
Vigilância – Conforme a legislação, todo medicamento genérico
precisa ter os mesmos princípios ativos, a mesma dose, forma farmacêutica,
posologia e indicação terapêutica, além de ser administrado pela mesma via que
o de referência. “Medicamentos genéricos
funcionam do mesmo modo que o original, mas, obviamente, nós precisamos de uma
vigilância sanitária que garanta a qualidade dos produtos, sejam genéricos ou
originais”, explica o pesquisador Paulo Lorandi.
Para o professor, a estrutura
sanitária do Brasil, do ponto de vista legal, “é bem eficiente”. Mas, voltando
ao assunto, tudo depende da fiscalização. “Em princípio a vigilância funciona,
mas pode acontecer de não funcionar em casos pontuais”.
Liliane Souza – 7º semestre do curso de Jornalismo
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