A tosse é uma
resposta reflexa, natural, do organismo a qualquer estimulação aos receptores
nervosos (sensores) espalhados pelo trato respiratório (a partir dos brônquios
até a laringe), também nos ouvidos e até no esôfago. Uma vez estimulado, esses
receptores iniciam uma resposta parte voluntária, parte involuntária, na qual a
saída do ar em alta velocidade tende a expulsar o agente irritante. A tosse
pode ser carregada de secreção, também chamada de produtiva, ou sem formação de
muco, tosse seca.
Quando houver tosse
produtiva, a medicação visa facilitar a eliminação da secreção, são os chamados
expectorantes. Seu uso é questionável porque a ingestão suficiente de água, ou
a inalação sem medicamento, parece produzir o mesmo efeito, sem as reações
adversas. O uso de medicamentos para tosse seca visa inibir a resposta reflexa,
para reduzir a irritação contínua do trato respiratório. A auscultação do
pulmão pelo médico é importante para o diagnóstico correto do tipo de tosse. Em
uma tosse aparentemente seca, a eliminação da secreção pode estar dificultada
pela condição de desidratação.
O uso do mel é
tradicional para o alívio da tosse irritativa, mas cada vez mais pesquisas têm
demostrado sua eficácia. Acredita-se que o mel, a despeito de seus componentes
anti-inflamatórios, antimicrobianos e antioxidantes, agiria aumentando a
salivação e secreção de muco, aliviando, principalmente, a tosse seca. Outra
possível explicação seria inibindo diretamente a estimulação dos receptores da
tosse, impedindo o processo reflexo.
A composição do mel é
muito ampla e variada dependente da florada onde foi produzida, porém o seu
efeito antitussígeno parece não depender desses fatores. Todos os tipos de
meles tem a mesma capacidade de diminuir a irritação provocada pela tosse,
sendo superiores em efeito quando comparados aos medicamentos industrializados,
principalmente a base de difenidramina, substância vendida sem receita médica.
Recomenda-se que o
mel não seja usado em crianças com menos de um ano, porque a sua contaminação
pela bactéria Clostridium botulinum
ainda é comum no produto brasileiro (em torno de 7% das amostras comerciais).
Essa bactéria é responsável pelo botulismo e as crianças nessa faixa etária são
mais suscetíveis ao problema. É uma medida de segurança, indicada pela
Organização Mundial de Saúde desde 2001, forte defensora do uso do mel no
controle da tosse irritativa em crianças.
Se ainda tiver
dúvidas, encaminhe sua dúvida para o Centro de Informações sobre Medicamentos
(CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail
cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias,
300, 11015-002.
Prof. Dr Paulo Angelo
Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981),
especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos
(1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor
titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.
*Publicado
originalmente pelo Jornal da Orla
Nenhum comentário:
Postar um comentário