sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Medicamentos Nefrotóxicos

Os rins são órgãos de grande importância e realizam diversas ações fisiológicas. São responsáveis pela eliminação de substâncias indesejáveis e que estejam em excesso no sangue. Também participam da manutenção quantitativa e qualitativa dos líquidos corpóreos. Assim, seu comprometimento prejudica funções essenciais, resultando em diversos problemas que acometem o organismo como um todo.

Algumas substâncias podem causar danos irreversíveis aos rins e são chamadas de nefrotóxicas. Essas substâncias podem levar os rins ao quadro de insuficiência renal aguda ou crônica. Na aguda, as alterações são imediatas à causa, enquanto que no caso crônico as consequências aparecem lentamente em pequenas proporções imperceptíveis. Como é um processo de longo prazo, pode ser diagnosticado apenas quando bastante comprometido.

Diversos medicamentos podem ser classificados como nefrotóxicos, medicamentos que inclusive podem ser obtidos facilmente nas drogarias sem prescrição médica. A nefrotoxicidade desses medicamentos é tolerada normalmente por pessoas saudáveis, porém eles são totalmente contraindicados em pacientes que já apresentam debilitação renal. Como a maioria dos medicamentos é eliminada pelos rins, nessa passagem há o dano renal.

Dentre as classes de medicamentos nefrotóxicos, pode-se citar os anti-inflamatórios e os analgésicos. Essas classes de medicamentos inibem a síntese de substâncias pró-inflamatórias, com o objetivo reduzir a inflamação e a dor, porém também inibem substâncias benéficas, necessárias para manter a filtração renal, reduzindo, portanto, a função renal.

Esses medicamentos são disponíveis sem prescrição médica e usados constantemente, por automedicação, no controle das dores do dia-dia, como dores de cabeça e lesões musculares simples. Por mais que pacientes saudáveis consigam tolerar a nefrotoxicidade aguda desses medicamentos, sua utilização de maneira crônica pode gerar problemas renais.

Outra classe de medicamentos que pode causar problemas renais são alguns tipos de antibióticos. Uma classe importante é a dos aminoglicosídeos, como a estreptomicina e a gentamicina. O ideal na terapia contra as bactérias é utilizar medicamentos que afetem apenas as estruturas bacterianas, e esses medicamentos de fato existem. Porém, esses antibióticos não eliminam todos os todos os tipos de bactérias, boa quantidade delas necessitam de outros antibióticos para matá-las, sendo que esses não são totalmente específicos para as células bacterianas, portanto também prejudicam as células do próprio organismo.

Para pacientes que não apresentam problemas renais, é necessário entender que todo o medicamento é uma questão de risco e benefício, muitas vezes é necessário assumir o risco, pois o benefício da sua utilização é maior. Já em pacientes que já apresentam insuficiência renal, esses medicamentos são contraindicados, pois o risco de piorar o quadro renal do paciente é maior do que o benefício que causaria.

Obviamente, se utilizados de maneira correta e supervisionada por profissionais da saúde, esses medicamentos terão poucas chances de causar problemas graves nos rins. Não utilize medicamentos por conta própria, sempre orientação médica. O farmacêutico é um profissional que pode ajudá-lo com informações corretas e adequadas à sua saúde.

João Gabriel Gouvêa da Silva – 6 semestre do curso de Farmácia

Referências:

PINTO, S.P. et al. Insuficiência renal aguda nefrotóxica: prevalência, evolução clínica e desfecho. J Bras Nefrol. São Paulo, v.31, n.3, p.183-189, 2009.


OLIVEIRA, J.F.P. et al. Nefrotoxicidade dos aminoglicosídeos. Braz J Cardiovasc Surg. São Paulo, v.21, n.4, p. 444-452, 2006.

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