O acesso aos
medicamentos deve ser garantido a todo cidadão pelo Estado brasileiro. Isso
significa muito mais do que a distribuição de medicamentos sem ônus pelo SUS.
Instituir políticas como o Programa Farmácia Popular ou a dos medicamentos
genéricos também é competência governamental nessa perspectiva. Uma ação importante
é garantir o acesso à informações sobre os preços dos medicamentos, discutindo
a relação custo/benefício. O medicamento não precisa ser caro para ser bom.
Regularmente, a
Anvisa traz essas informações ao público e a mais recente refere-se aos
medicamentos usados nos transtornos da ansiedade. Clinicamente, essa doença
pode se apresentar de diversas formas e seis classes diferentes de medicamentos
podem ser usadas na patologia. Cada classe de medicamento tem uma forma
diferente de agir, criando expectativas de resultados diferentes e com reações
adversas próprias.
Cada laboratório
desenvolve os medicamentos com a classe que realizou as pesquisas e prevê
estratégias de marketing específicas, o que resulta em preços diferenciados.
Analisando-se os medicamentos comercialmente disponíveis no Brasil para os
transtornos de ansiedade, a Anvisa aponta que, sem benefício terapêutico que a justifique,
há variação de preço da ordem 680%. É certo que cabe apenas ao médico
substituir medicamento, mas vale uma conversa franca com esse profissional e também
com o farmacêutico, porque muitas vezes é possível utilizar-se de um
medicamento mais barato sem perder a qualidade do tratamento.
Vale lembrar que os
transtornos mentais e psíquicos são derivados da alteração na quantidade das
substâncias que modulam a atividade cerebral. Cada neurônio comunica-se com
muitos outros liberando os chamados mediadores químicos. Há os mediadores
químicos que estimulam os neurônios seguintes e aqueles que os desligam. Assim,
as funções cerebrais são fruto de neurônios que permitem ou não a passagem do
impulso nervoso, resultando em uma informação final, codificada na forma de um
liga e desliga. Pense na imagem da TV, a qual é constituída por múltiplos pontos
coloridos que ao se somarem ou se ausentarem constituem uma imagem. No cérebro,
os impulsos trafegam ou não, na ordem do milésimo do segundo explorando sua
capacidade.
O estado excitado ou
deprimido é fruto da prevalência de alguns mediadores químicos ou da falta
deles. As diversas classes de medicamentos procuram suprir um ou outro tipo de
mediador químico. Por isso temos classes de medicamentos diferentes para o
mesmo problema, por exemplo, a ansiedade generalizada sem uma causa específica.
Ao escolher uma ou outra classe, poderemos ter o mesmo resultado a um preço menor.
Se ainda tiver
dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do
curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br
ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.
Prof. Dr Paulo Angelo
Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981),
especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela UniSantos
(1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor
titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.
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