sexta-feira, 21 de março de 2014

Preço de medicamentos

O acesso aos medicamentos deve ser garantido a todo cidadão pelo Estado brasileiro. Isso significa muito mais do que a distribuição de medicamentos sem ônus pelo SUS. Instituir políticas como o Programa Farmácia Popular ou a dos medicamentos genéricos também é competência governamental nessa perspectiva. Uma ação importante é garantir o acesso à informações sobre os preços dos medicamentos, discutindo a relação custo/benefício. O medicamento não precisa ser caro para ser bom.

Regularmente, a Anvisa traz essas informações ao público e a mais recente refere-se aos medicamentos usados nos transtornos da ansiedade. Clinicamente, essa doença pode se apresentar de diversas formas e seis classes diferentes de medicamentos podem ser usadas na patologia. Cada classe de medicamento tem uma forma diferente de agir, criando expectativas de resultados diferentes e com reações adversas próprias.

Cada laboratório desenvolve os medicamentos com a classe que realizou as pesquisas e prevê estratégias de marketing específicas, o que resulta em preços diferenciados. Analisando-se os medicamentos comercialmente disponíveis no Brasil para os transtornos de ansiedade, a Anvisa aponta que, sem benefício terapêutico que a justifique, há variação de preço da ordem 680%. É certo que cabe apenas ao médico substituir medicamento, mas vale uma conversa franca com esse profissional e também com o farmacêutico, porque muitas vezes é possível utilizar-se de um medicamento mais barato sem perder a qualidade do tratamento.

Vale lembrar que os transtornos mentais e psíquicos são derivados da alteração na quantidade das substâncias que modulam a atividade cerebral. Cada neurônio comunica-se com muitos outros liberando os chamados mediadores químicos. Há os mediadores químicos que estimulam os neurônios seguintes e aqueles que os desligam. Assim, as funções cerebrais são fruto de neurônios que permitem ou não a passagem do impulso nervoso, resultando em uma informação final, codificada na forma de um liga e desliga. Pense na imagem da TV, a qual é constituída por múltiplos pontos coloridos que ao se somarem ou se ausentarem constituem uma imagem. No cérebro, os impulsos trafegam ou não, na ordem do milésimo do segundo explorando sua capacidade.

O estado excitado ou deprimido é fruto da prevalência de alguns mediadores químicos ou da falta deles. As diversas classes de medicamentos procuram suprir um ou outro tipo de mediador químico. Por isso temos classes de medicamentos diferentes para o mesmo problema, por exemplo, a ansiedade generalizada sem uma causa específica. Ao escolher uma ou outra classe, poderemos ter o mesmo resultado a um preço menor.

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela UniSantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.

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