Os medicamentos, quando usados
corretamente, são responsáveis por enormes benefícios. Por outro lado, as
reações adversas também são muitas, mas, na maioria das vezes, não justificam o
abandono do tratamento. Vive-se mais e melhor com as reações adversas do que
sem o medicamento indicado. Em alguns casos mais graves pode ser necessário
modificar a dose ou substituir o medicamento. Essas modificações sempre deverão
ser feitas pelo médico que prescreveu o medicamento.
Mas algumas reações podem ser
mais graves, inclusive provocando morte ou danos irreparáveis. Recentemente, a
justiça brasileira condenou uma empresa de medicamentos a pagar uma indenização
altíssima por uma grave reação ocorrida em 2007. Essa reação, denominada de Stevens-Johnson,
ataca a pele e as mucosas, principalmente as oculares, levando a perda significativa
da capacidade visual, como no caso brasileiro citado.
Stevens-Johnson é uma reação rara
e ocorre em três entre cada milhão de pessoas, aproximadamente. Em metade
dessas ocorrências, não há causa conhecida. Um quarto dos casos é provocado por
reações a medicamentos e um quinto por infecção viral (herpes). Stevens-Johnson
é fatal em 5% das ocorrências. Mais de 100 medicamentos estão associados a esta
afecção, principalmente as sulfas, anticonvulsivantes, anti-inflamatórios e
alopurinol, usado em gota.
A reação é provocada por
hipersensibilidade, quando as células de defesa do nosso organismo reagem de
forma desproporcional à agressão. Um primeiro ataque de nossas defesas contra o
medicamento deposita-se na pele e nas mucosas. Esse primeiro produto estimula
respostas mais intensas, mobilizando muitas células de defesa que começam a
atacar o tecido onde está localizado. Esse ataque ocorre próximo de pequenos
vasos, o que provoca pequenas manchas arroxeadas. Também pode haver bolhas
nesses locais.
Inicia-se em até 72 horas após o
uso da medicação com duração aproximada de duas a quatro semanas. O indivíduo
apresenta febre e, apesar dos danos que pode provocar, acaba espontaneamente. O
médico fará um diagnóstico baseado apenas nas informações e exame clínico, uma
vez que não há testes laboratoriais que possam comprovar efetivamente. O
diagnóstico precoce e a retirada do fármaco reduz a gravidade atingida.
O tratamento se assemelha aos que
sofreram queimaduras, porém a diferença é a de que reação pode continuar
aumentando. Caso você tenha tomado qualquer medicamento e tenham aparecido
manchas, bolhas ou vermelhões procure um médico com urgência.
Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi,
farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista
em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela UniSantos (1997),
mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor
titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Dracena.
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