sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Anemia ferropriva

A anemia por deficiência de ferro, ou seja, ferropriva, ainda está entre as principais deficiências nutricionais, encontradas especialmente nos países em desenvolvimento e nos grupos de gestantes e de lactentes. Devido a uma dieta incompleta, a situação socioeconômica difícil, o próprio período de gestação ou crescimento da criança, quando são exigidos mais nutrientes, pode provocar essa deficiência. Os sinais e sintomas da carência de ferro são inespecíficos, sendo os principais: a fadiga generalizada, falta de apetite, palidez de pele e mucosas (parte interna do olho, gengivas), menor disposição para o trabalho, dificuldades motoras e de aprendizagem nas crianças.

Aproximadamente 600 milhões de crianças são anêmicas em todo mundo, cerca de 50% dos casos são derivados da deficiência de ferro. Estima-se que ao redor do mundo, mais de 90.000 mortes de ambos os sexos e em todos grupos de idade são devido à anemia ferropriva. No Brasil, estudos em diferentes regiões revelam alta prevalência da doença, estimando-se que cerca de 4,8 milhões de crianças pré-escolares sejam atingidos. Pode ser considerada um grave problema de saúde pública, atingindo uma em cada duas crianças menores de cinco anos de idade (54,9%).

O nosso sangue tem em sua composição uma proteína chamada hemoglobina, cuja a função é absorver e transportar oxigênio. Isto só é possível pela presença do ferro em seu interior, é a ele que o oxigênio se liga para ser transportado. Portanto, é um elemento de extrema importância para o funcionamento energético do organismo.

O ferro que necessitamos deve ser obtido usualmente da dieta, uma alimentação balanceada basta para a manutenção em nosso organismo, sem necessidade de suplementação. As melhores fontes de ferro são as carnes vermelhas, principalmente fígado de qualquer animal e outras vísceras (miúdos), como rim e coração; carnes de aves e de peixes, mariscos crus. Lembrando que esses alimentos devem ser ingeridos com adequação, em função do alto teor de gordura presente. Entre os alimentos de origem vegetal, destacam-se como fonte de ferro os folhosos verde-escuros (exceto espinafre), como agrião, couve, cheiro-verde e as leguminosas (feijões, fava, grão-de-bico, ervilha, lentilha).

O ácido ascórbico, mais conhecido como vitamina C, quando ingerido junto ao ferro, potencializa a sua absorção. Ele mantém o ferro num estado mais biodisponível, ou seja pronto para ser absorvido. Alimentos que contém vitamina C, como as conhecidas frutas cítricas (laranja, limão e abacaxi), verduras como tomate, espinafre e alface, ingeridos junto com o ferro alimentar ou  suplementar ajudam no combate a anemia.

Nos casos em que a anemia esteja instalada, usa-se suplemento de ferro. Neste ponto é preciso cautela, existe uma cultura de automedicação em que ao primeiro sinal de cansaço já se compra ferro ou vitaminas para ficar mais “disposto”. Há até mesmo um uso recomendado de ferro sem que exista comprovação de anemia ou por períodos prolongados. O excesso dele pode ser prejudicial ao nosso organismo ocasionando problemas cardiovasculares, na produção hormonal, cirrose, vômitos, diarreia, dentre outros.

Ao ser diagnosticado com anemia ferropriva, é importante que haja uma mudança de alimentação aliada a suplementação, se necessário. Procure sempre a orientação de um profissional de saúde que possa auxiliar e tirar as dúvidas, não se automedique.

Marina Maria de Oliveira - 10º semestre do curso de Farmácia

AZEREDO, C.M. et al. A problemática da adesão na prevenção da anemia ferropriva e suplementação com sais de ferro no município de Viçosa (MG). Ciência & Saúde Coletiva, v.18, p.827-836, 2013.

CEMBRANEL, F.; CORSO, A.C.T; GONZALEZ, D.A.C. Cobertura e adequação da suplementação com sulfato ferroso na prevenção de anemia em crianças atendidas em centros de saúde de Florianópolis, Santa Catarina. Rev Paul Pediatr., v.31, p.315-23, 2013.


FANTINI, A.P. et al. Disponibilidade de ferro em misturas de alimentos com adição de alimentos com alto teor de vitamina C e de cisteína. Ciênc. Tecnol. Aliment., v.28, p.435-439, abr.-jun. 2008.

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