sexta-feira, 3 de junho de 2016

Níveis de sedação

A dor é uma sensação desagradável e angustiante que está associada a diversos fatores, sendo muito presente em pacientes terminais com câncer. A dor tem um caráter subjetivo, ou seja, cada indivíduo apresenta um tipo de reação diferente ao sentir determinado estímulo de dor. Por conta dessa subjetividade, um dos maiores problemas na hora de tratar a dor de um paciente é diagnosticar a intensidade da dor que este paciente está sentindo e determinar qual o medicamento adequado para o tratamento.

A OMS estabelece padrões internacionais para o diagnóstico da intensidade da dor por meio de instrumentos como escalas, a fim de poder avaliar a escolha de tratamento do paciente com mais precisão. Porém, a dor tem como ser controlada de forma racional e adequada com o uso de analgésicos. Quando sua intensidade extrapola a capacidade de controle, existe a opção da sedação.

A sedação é um método muito comum e utilizado, sendo que os sedativos têm a capacidade de deprimir o sistema nervoso central e tendem a manter a atividade cerebral reduzida. Ela tem a finalidade de favorecer o conforto e o bem-estar para o paciente, havendo diferentes níveis de sedação. Quando o nível da dor é considerado baixo, mas causa desconforto no paciente levando-o a ficar mais agitado e angustiado, utiliza-se drogas ansiolíticas como os benzodiazepínicos, que são indutoras do sono e modificam a percepção da dor. Quando a dor é moderadamente intensa, utilizam-se fármacos analgésicos, como os opioides, sendo que a potência do opioide será definida conforme a intensidade da dor do paciente. Estes fármacos diminuem a condução nervosa da dor e produzem um poderoso efeito sedativo, dando efeitos de sonolência e desorientação.

Quando a sensação de dor do paciente se encontra em níveis elevados, a fim de manter a segurança, controlar a ansiedade e o desconforto do paciente, o coma induzido pode ser recomendado. O coma induzido é uma intensa sedação farmacológica controlada que visa provocar a inconsciência do paciente. É muito comum ser necessário em casos no qual o indivíduo necessita de cuidados especiais como a utilização de respiradores artificiais, pois o organismo dele não é capaz de se estabilizar em um estado de oxigenação adequado. Porém, como é um estado de sedação controlado, há o controle clínico do grau de consciência do paciente em coma por meio de escalas pré-definidas pela OMS.

Para que a sedação seja eficaz, é importante a avaliação da medicação a ser prescrita, assim como o custo da terapia e os efeitos adversos que ela poderia causar no paciente. Haver a diminuição ou a ausência do sedativo é de extrema relevância, pois assim pode haver o desmame da terapia e o paciente estar ciente e poder interagir no meio em que está. É importante lembrar que cada paciente tem as suas particularidades, por isso é necessário haver ainda mais atenção na escolha de sedá-lo ou não e após a sedação.
               
João Gabriel Gouvêa da Silva – 3º semestre do curso de Farmácia

Referências:

LUNA, A.A et al. AVALIAÇÃO DE DELIRIUM EM PACIENTES EM USO DE SEDATIVOS. Revista Rede de Cuidados em Saúde. Rio de Janeiro. v.5, n.1, 2011.

KRAYCHETE, D.C et al. Recomendações para uso de opioides no Brasil: Parte II. Uso em crianças e idosos. Revista Dor. São Paulo. v.15, n.1, Jan./Mar. 2014.

LIMA, A.D et al. Avaliação da dor em pacientes oncológicos internados em um hospital escola do nordeste do Brasil. Revista Dor. São Paulo. v.14, n.4, Oct./Dec. 2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário