A prescrição de medicamentos para
crianças é bastante complexa. Deve ser levado em conta aspectos específicos para
esse grupo populacional. Há de se adequar a melhor forma farmacêutica dentre as
formulações comercialmente disponíveis. Comprimidos, por exemplo, são mais
difíceis de serem administrados, por exemplo. Quanto em líquido, o sabor é
muito importante. Além disso, a dose tem de ser administrada a partir dos testes
de segurança e eficácia.
Um aspecto bastante importante é
saber se o medicamento tem indicação pediátrica. Nas décadas passadas, mais de
50% dos medicamentos utilizados em crianças nos EUA não estavam aprovados para esse
fim. No Brasil, suspeita-se que a taxa de uso desses medicamentos não
apropriados para crianças em pacientes pediátricos também seja alta, em
especial em nível hospitalar.
Em geral, os prescritores realizam
o tratamento com base em sua experiência e julgamento, decidindo-se pelas
indicações e melhores doses e formulações. Quando o uso de medicamentos é
prescrito diferentemente da forma que é orientada na bula, considera-se um uso
do tipo off label, termo em inglês consagrado para um uso diverso do aprovado
quando registrado na Anvisa.
Essa classificação inclui
qualquer uso fora dos dados registrados e pode ser em relação a faixa etária,
dose, frequência, apresentação, via de administração ou à indicação. Calcular a
dose para crianças apenas baseada em seu peso corporal, área de superfície
corporal ou idade, pode trazer danos extremos. O uso de medicamentos baseado na
adequação das doses e/ou modificar as formulações para adultos, ignorando
completamente as diferenças entre crianças e adultos, submetendo ao risco de
eficácia não comprovada.
O alto uso de medicamentos não
apropriados para crianças, confirma também o uso inadequado e inadvertido de
medicamentos que ainda não foram testados ou de apresentações que não são
apropriadas para crianças. Frente a esses dados, destaca-se a importância de
estudos sobre eficácia, segurança e toxicidade de medicamentos para uso na
pediatria.
O desenvolvimento e avaliação de
medicamentos para recém-nascidos, lactentes e crianças, requer a colaboração de
pediatras, farmacêuticos, indústria farmacêutica e autoridades sanitárias
reguladoras.
Laís Oliveira Reis – 8º semestre
do curso de Farmácia
Referências:
DOMINGOS, J. L., et.al.,
Medicamentos em crianças, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos
Estratégicos/MS.
ALCÂNTARA, D. A., et.al.,
Intoxicação medicamentosa em crianças, Revista Brasileira em Promoção da Saúde,
vol. 16, núm. 2, 2003, p. 10-16.
Nenhum comentário:
Postar um comentário