quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Ex-ministro Arthur Chioro ressalta a importância da promoção de políticas públicas para a saúde

Como as políticas públicas devem agir para fomentar a saúde em Santos? Primeiramente, é preciso olhar para a Cidade em um contexto metropolitano, alerta o ex-ministro da saúde Arthur Chioro, que esteve na UniSantos no dia 1º de dezembro para ministrar palestra sobre Ação Local Para a Saúde, um dos eixos do Programa Cidades Sustentáveis, em encontro promovido pela Rede Nossa Santos Sustentável.

Mestre e doutor em Saúde Coletiva, o médico e professor universitário Arthur Chioro abordou a temática sob três perspectivas: transição demográfica, epidemiológica e nutricional. Ele ressaltou que na política de promoção à saúde é preciso olhar a singularidade de cada região. “Em política pública, para problemas complexos, não há soluções simples”.

O médico explicou que é preciso priorizar a atenção ao idoso, citando a estagnação da população de Santos, que continua praticamente a mesma desde 1980. Chioro anunciou ainda que 30% da população santista terá mais de 65 anos antes mesmo de se chegar a 2030, quando os idosos em nível nacional devem chegar a esse índice. “O conjunto de políticas feitas hoje em Santos é para os idosos saudáveis. Lidar com a saúde do idoso significa lidar com a saúde de crianças, jovens e adultos de hoje na produção de gente que vai envelhecer com qualidade de vida”.

Sobre a transição epidemiológica, Chioro explicou que é necessário analisar o modo como a população santista nasce, vive e morre. Para isso, é preciso ficar atento a questões como mortalidade infantil e materna. Neste sentido, uma preocupação é o número de cesarianas realizadas no Brasil, que na rede particular ultrapassa os 90%. Para mudar a situação é preciso focar em ações intersetoriais, em um trabalho conjunto com o sistema privado. Outro fator é o empoderamento das mulheres. Ele explicou que isso é fundamental para que elas tenham conhecimento sobre os tipos de parto e saibam discernir sobre o que de fato será melhor para ela e o bebê.

Aspecto nutricional – De acordo com o ex-ministro, uma em cada três crianças santistas é obesa e duas têm sobrepeso. Ele lembra que a Cidade saiu do estado de nutrição, encontrado antigamente em bairros do Centro e Zona Noroeste, para sobrepeso e obesidade. A situação favorece o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes.

Chioro explicou que é preciso implementar um conjunto de políticas públicas para enfrentar o sedentarismo, investir na agricultura familiar e proibir a distribuição de produtos industrializados e ultraprocessados nas merendas escolares. Ele lembrou ainda que o cloreto de sódio é um dos principais vilões – enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de no máximo 5 gramas de sal por dia, o brasileiro consome em média 12 gramas.

PEC do teto de gastos – O ex-ministro contou que, em um exercício contrafactual feito com alguns colegas, concluiu-se que o País teria perdido 139 bilhões de reais de 2003 para cá, caso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos tivesse sido implementada.

* A proposta, que tramita no Senado como PEC 55 e na Câmara como 241, prevê um limite de despesas nos próximos 20 anos. Assim, o orçamento previsto para cada ano seria planejado conforme os gastos do ano anterior acrescido da inflação. A medida engloba os poderes legislativo, executivo e judiciário. Se aprovada, a PEC irá englobar as despesas com saúde e educação a partir de 2018.

Liliane Souza – 6º semestre do curso de Jornalismo
Crédito de foto: Departamento de Imprensa UniSantos

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