Mestre e doutor em Saúde Coletiva,
o médico e professor universitário Arthur Chioro abordou a temática sob três
perspectivas: transição demográfica, epidemiológica e nutricional. Ele
ressaltou que na política de promoção à saúde é preciso olhar a singularidade
de cada região. “Em política pública, para problemas complexos, não há soluções
simples”.
O médico explicou que é preciso
priorizar a atenção ao idoso, citando a estagnação da população de Santos, que
continua praticamente a mesma desde 1980. Chioro anunciou ainda que 30% da
população santista terá mais de 65 anos antes mesmo de se chegar a 2030, quando
os idosos em nível nacional devem chegar a esse índice. “O conjunto de
políticas feitas hoje em Santos é para os idosos saudáveis. Lidar com a saúde
do idoso significa lidar com a saúde de crianças, jovens e adultos de hoje na
produção de gente que vai envelhecer com qualidade de vida”.
Sobre a transição epidemiológica,
Chioro explicou que é necessário analisar o modo como a população santista
nasce, vive e morre. Para isso, é preciso ficar atento a questões como
mortalidade infantil e materna. Neste sentido, uma preocupação é o número de
cesarianas realizadas no Brasil, que na rede particular ultrapassa os 90%. Para
mudar a situação é preciso focar em ações intersetoriais, em um trabalho
conjunto com o sistema privado. Outro fator é o empoderamento das mulheres. Ele
explicou que isso é fundamental para que elas tenham conhecimento sobre os
tipos de parto e saibam discernir sobre o que de fato será melhor para ela e o
bebê.
Aspecto nutricional – De acordo com o ex-ministro, uma em cada três
crianças santistas é obesa e duas têm sobrepeso. Ele lembra que a Cidade saiu do
estado de nutrição, encontrado antigamente em bairros do Centro e Zona
Noroeste, para sobrepeso e obesidade. A situação favorece o desenvolvimento de
doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes.
Chioro explicou que é preciso
implementar um conjunto de políticas públicas para enfrentar o sedentarismo,
investir na agricultura familiar e proibir a distribuição de produtos
industrializados e ultraprocessados nas merendas escolares. Ele lembrou ainda
que o cloreto de sódio é um dos principais vilões – enquanto a Organização
Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de no máximo 5 gramas de sal por
dia, o brasileiro consome em média 12 gramas.
PEC do teto de gastos – O ex-ministro contou que, em um exercício
contrafactual feito com alguns colegas, concluiu-se que o País teria perdido
139 bilhões de reais de 2003 para cá, caso a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) do Teto de Gastos tivesse sido implementada.
* A proposta, que tramita no
Senado como PEC 55 e na Câmara como 241, prevê um limite de despesas nos
próximos 20 anos. Assim, o orçamento previsto para cada ano seria planejado
conforme os gastos do ano anterior acrescido da inflação. A medida engloba os
poderes legislativo, executivo e judiciário. Se aprovada, a PEC irá englobar as
despesas com saúde e educação a partir de 2018.
Liliane Souza – 6º semestre do
curso de Jornalismo
Crédito de foto: Departamento de Imprensa UniSantos
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