segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Produção da vacina contra a febre amarela


O conceito de imunidade, tal qual a ciência conhece nos dias de hoje, já era preconizado em culturas milenares como a chinesa, egípcia e outras. Utilizando-se de técnicas variadas como a de usar roupas de pessoas infectadas por varíola ou insuflar pós de crostas ou de pus de feridas infectadas, garantia-se que a pessoa não iria se tornar doente.
Mas somente nos anos de 1870 e 1880, as primeiras pesquisas buscaram entender esse processo. Ao final do século XIX, Pasteur iniciou a produção de vacinas como as entendemos hoje. 

As primeiras pesquisas para a produção de vacina contra a febre amarela surgiram em 1928, em Londres, Paris e no Rio de Janeiro. Produzida por um brasileiro, essa vacina foi utilizava vírus morto. Várias outras técnicas foram testadas até os anos de 1930, quando uma epidemia de febre amarela assolou o Brasil.

À época, depois de muitos fracassos, iniciou-se a produção das vacinas com um vírus vivo da febre amarela, porém atenuado. Isso significa que o vírus se comporta normalmente no organismo, desenvolvendo-se como outro qualquer, porém, o micro-organismo não consegue gerar um quadro de doença.

Ser imune significa ser capaz de mobilizar forças de defesas do organismo, como os anticorpos e células protetoras (linfócitos), para que o agente agressor seja totalmente destruído seja ele uma bactéria, vírus ou outra categoria de micro-organismo. Isso é conseguido quando se sobrevive a determinadas doenças ou pelo uso de vacinas.

Em relação à febre amarela, a melhor estratégia para se conseguir a quantidade necessária de vírus para produção de vacinas foi inocula-lo em ovos de galinha fecundados. O vírus, necessariamente, precisa de células vivas para sua multiplicação e, nesse caso, utilizam as células do embrião da galinha, dentro do ovo, para se desenvolver.

A cepa de vírus escolhida é denominada 17D e isso ocorreu em 1937. Em uma comparação grosseira, cepa é como a linhagem de um cavalo vencedor ou de uma vaca produtora de muito leite. Essa cepa produz boa resposta imune, com baixa virulência (capacidade de produzir doença).

O Brasil é um dos produtores de vacina contra a Febre Amarela. Os ovos de galinha são especiais, pois são gerados sem nenhum tipo de contaminante. São produzidos em uma granja específica em Minas Gerais. Os vírus introduzidos nos ovos multiplicam-se em tempo definido e depois os embriões são retirados dos ovos e processados para a produção da vacina. As galinhas produtoras dos ovos são mantidas em ambiente esterilizados e alimentadas com ração apropriada.

Os cuidadores das galinhas precisam se manter higienizados na mesma condição de um cirurgião. O produto brasileiro também é distribuído pela Organização Mundial de Saúde.

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe sua dúvida para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas- USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.


*Publicado originalmente pelo Jornal da Orla 

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