A despeito de sua origem natural, os chás podem ser nocivos
à saúde. O conceito “natural” é usado com algumas reservas, de acordo com a
legislação de propagandas, por incutir a falsa impressão de benéfico e
inofensivo. Esta forma de terapia é milenar: existem registros de indicação que
datam de 3000 a. C. Pesquisas indicam que 80% da população utiliza remédios
naturais como medicina popular.
As plantas medicinais são aquelas capazes de aliviar ou
curar enfermidades e têm tradição de uso como remédio em uma população ou
comunidade. É imprescindível, no entanto que, antes de usá-las, se conheça a
planta, sua correta indicação e procedência, e como prepará-la.
Muitos chás são adulterados e vendidos na forma triturada,
com o intuito de inviabilizar a identificação a olho nu, como ato de má fé.
Porém também são comuns equívocos em razão da semelhança anatômica. O boldo do
Chile é raramente encontrado no Brasil, já sua variante nacional é abundante,
mas não detém propriedades digestivas. Da mesma forma, a Arnica montana é
típica de montanhas europeias.
Cada planta tem sua peculiaridade nos componentes, dentre os
quais o princípio ativo. Aquele chá de hortelã, por exemplo, usado no
tratamento de cólicas não pode ser consumido por pessoas que sofram com
problemas hepáticos graves, nem durante a amamentação. A camomila, consumida em
excesso, pode causar náuseas e insônia. O urucum tem propriedades antioxidantes
conhecidas, porém durante a fervura libera toxinas. Gestantes devem consultar o
médico antes de consumir essas bebidas, já que algumas plantas podem ser
abortivas.
Atenção! As plantas medicinais não devem ser usadas em
crianças menores de três anos, gestantes e lactantes. Como qualquer
medicamento, o mau uso pode ocasionar problemas à saúde, como alterações na pressão
arterial, problemas no sistema nervoso central, fígado e rins, que podem levar
a internações hospitalares e até mesmo a morte, dependendo da forma de uso.
A SINTOX alerta sobre as 16 plantas que mais causam
intoxicação no Brasil, dentre as quais são exemplos a ‘Comigo ninguém pode’, a
urtiga e o ‘copo-de-leite’.
As plantas medicinais também possuem compostos químicos
ativos que podem interagir com outros medicamentos. Um exemplo é o uso de
Hipérico junto a anticoncepcionais podendo levar à gravidez, outro é o uso de Ginkgo
biloba junto a anticoagulantes, como warfarina ou AAS, podendo promover
hemorragias.
A medicina tradicional demonstra propriedade no tratamento
de doenças, porém, deve-se tomar especial atenção à administração de chás.
Estes são erroneamente indicados como isento de reações adversas, mas como todo
medicamento, só deve ser usado quando os benefícios à saúde superarem os
riscos.
SUZANA SILVA DE OLIVEIRA – 10º semestre Farmácia
Referências:
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Perguntas
Frequentes: Medicamentos. Brasília: ANVISA, 2009 [?]. Acesso em: 26 nov. 2014.
Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br>.
BRASIL. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São
Paulo. Secretaria dos Colaboradores. Comissão Assessora de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos. Plantas Medicinais e Fitoterápicos. São Paulo: CRF-SP, 2011. 71
p.
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