Nos dias atuais, são menos comuns
as transfusões de sangue utilizando-se do sangue total e tornando-se cada vez
mais comum o aproveitamento de todas as partes presentes no sangue de forma
fracionada. Um exemplo disso são os hemoderivados, medicamentos produzidos a
partir do fracionamento das partes do sangue total. O sangue total pode ser
dividido em quatro partes: as plaquetas, o plasma, o crioprecipitado e as
hemácias. Cada parte do sangue tem uma função, inclusive terapêutica, e por
meio do fracionamento dessas partes é possível aproveitar melhor as bolsas de
sangue.
No plasma, há a presença de
substâncias essenciais, como a albumina, algumas imunoglobulinas e os fatores
de coagulação, substâncias capazes de ativar uma série de reações no organismo
que levam à formação do coágulo. Um exemplo de pacientes que poderiam
necessitar desses fatores de coagulação seriam os indivíduos hemofílicos, que,
devido a problemas genéticos não produzem esses fatores que participam da formação
do coágulo.
O que torna a produção desses
medicamentos diferenciada é que só podem ser produzidos por meio do plasma
humano, uma matéria-prima que não pode ser fabricada nem comprada, sendo dependente
de doações. É estratégia de alguns
países, como na Alemanha e nos Estados Unidos, obter o plasma por meio de
doadores remunerados, tendo um local específico para esta ação dentro das
próprias indústrias produtoras de hemoderivados. Graças às legislações liberais
que permitem a remuneração aos doadores, esses países conseguem produzir
grandes quantidades desses medicamentos, diferente de países como o Brasil, que
não permitem remunerar atos como esse.
Porém, o processo não é tão
simples quanto parece. É necessário um alto investimento nas questões de
transporte, conservação e produção do medicamento a partir do plasma. O sangue
total que for destinado para este propósito precisa ficar a uma
temperatura de congelamento de 1 a 10 ºC de maneira constante durante o
transporte, não podendo ter interferências de temperatura nem físicas, como
rompimento da embalagem ou danificação do lote.
Os hemoderivados são necessários,
segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), pela grande
demanda por parte de pacientes que não produzem essas substâncias. O Brasil
ainda não possui indústrias capazes de produzir esses medicamentos em uma
escala que supra a demanda da população, sendo necessário encomendar de outros
países. Apenas alguns portos estão autorizados a receber este tipo de
medicamento, todos regulamentados e credenciados pela ANVISA. Qualquer
substância utilizada para fim terapêutico pode ser considerada um medicamento,
então sempre tire dúvidas com o seu médico ou farmacêutico.
João Gabriel Gouvêa da Silva - 5° semestre do curso de
Farmácia
Referências:
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – Regularização de
produtos – Importação.
Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/registros-e-autorizacoes/produtos/importacao/produtos-biologicos/hemoderivados. Acesso em: 03 de abril de 2017
Rede de Tecnologia e Informação do Rio de Janeiro –
Hemoderivados. Disponível em: http://www.redetec.org.br/wp-content/uploads/2015/02/tr07_hemoderivados.pdf. Acesso em: 03 de abril de 2017.
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