terça-feira, 16 de abril de 2013

Dengue e o uso de medicamentos


Todo ano, principalmente no verão, convivemos com muitos casos de Dengue. É uma doença que anualmente causa muitos doentes e que, em certas circunstâncias e se não tratada, pode ser até fatal. Algumas fontes indicam que dengue foi detectada pela primeira vez no mundo ao final do século XVIII, no Sudoeste Asiático, em Java, e nos Estados Unidos, na Filadélfia. Já no Brasil o seu primeiro caso foi em Recife. A Dengue chegou ao Brasil junto com os navios negreiros, depois de uma longa viagem de seus ovos dentro dos depósitos de água das embarcações. Até a década de 1950, a dengue era considerada uma virose benigna, sem letalidade, até haver um surto de dengue hemorrágico nas Filipinas.
Após a década de 1960, a presença do vírus se tornou mais presente nas Américas. Há referências de epidemias desde 1916, em São Paulo, e em 1923, em Niterói, no Rio de Janeiro. Porém, esses casos ainda não têm comprovação laboratorial. A primeira epidemia documentada, clínica e laboratorialmente, ocorreu entre os anos de 1981 e 1982, em Boa Vista, Roraima, causada pelos sorotipos um e quatro. A partir de 1986, ocorreram epidemias atingindo o Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste.

Pode ser caracterizada como uma doença febril aguda que tanto pode ser benigna ou grave, dependendo da forma em que se apresente. Pode ser classificada em ordem crescente de gravidade como Dengue Clássica, Febre Hemorrágica da Dengue e Síndrome do Choque da Dengue. Na dengue clássica a primeira manifestação é a febre alta, de início rápido, seguida de dor de cabeça, dores nas costas, náuseas, vômitos, anorexia, prostração, dor nos olhos e astenia. Alguns aspectos dependem da idade do paciente. Dores abdominais e manifestações hemorrágicas têm sido relatadas mais frequentemente entre adultos. A febre dura cerca de cinco dias com melhora progressiva dos sintomas em 10 dias.

A Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) é uma forma mais grave e se caracteriza por ter alterações na coagulação sanguínea da pessoa infectada. No início do processo sintomático se assemelha ao da dengue clássica, mas, após o terceiro ou quarto dia da doença surgem sangramentos de pequenos vasos na pele e em órgãos internos. Na dengue hemorrágica, a infecção viral afeta os fatores de coagulação, provocando plaquetopenia, nível baixo no número de plaquetas do sangue. Há evidências de que a plaquetopenia se deve à ação auto-imune causada por anticorpos induzidos pela infecção do vírus da dengue. A hemorragia também é favorecida pela fragilidade capilar, devido a indução de apoptose (morte celular) do endotélio. Essa condição é comprovada pela positividade da prova do laço, a qual consiste em fazer pressão sobre o braço com um garrote por cinco minutos em paciente adulto e três minutos na criança. A prova do laço é positiva caso apareça petéquias, pequenos pontos vermelhos derivados de pequenos sangramentos.
Assim que os sintomas da febre cessam, após o quarto ou quinto dia, pode surgir queda da pressão arterial. Quando a queda é acentuada, apresenta-se o quadro da Síndrome do Choque da Dengue (SCD), forma mais grave da doença, uma vez que a pressão arterial decresce muito. O doente apresenta um pulso quase imperceptível, inquietação e perda da consciência. Podem ocorrer várias complicações neurológicas, cardiorrespiratórios, insuficiência hepática, hemorragias em geral e derrame pleural. Entre as principais manifestações neurológicas, destacam-se: delírio, sonolência, depressão, coma, irritabilidade extrema, psicose, demência, amnésia, paralisias e sinais de meningite. Se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte.

Os mosquitos transmissores da doença são da espécie Aedes aegypti. É predominante em países tropicais, devido à umidade do ambiente, mas são incomuns acima de 1200 m.

A fonte da infecção é o próprio ser humano, pois é o único reservatório vertebrado. Isso quer dizer que nenhum outro animal sofre com a doença. Por meio da picada do mosquito em seres humanos contaminados, o vírus passa a se desenvolver no Aedes aegypti que irá picar outro ser humano, deixando ali o vírus, gerando um ciclo ser humano – mosquito – ser humano. Para entender melhor, após um repasto (alimentação) de sangue infectado (período chamado de viremia - vírus no sangue), o mosquito está apto a transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação extrínseca (dentro do próprio mosquito). O vírus vai se localizar nas glândulas salivares da fêmea de mosquito infectada, a partir deste momento o mosquito é capaz de transmitir a doença.

O fato do vírus se multiplicar em seres humanos e insetos, a dengue é classificada de arbovirose, talvez a mais importante, pois é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo.

A transmissão mecânica também é possível, porém é muito raro. Essa forma de transmissão ocorre quando o repasto é interrompido e o mosquito, imediatamente, se alimenta num hospedeiro suscetível próximo. É importante notar que não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento. Assim, o indivíduo com dengue não precisa ser isolado, a não de novos mosquitos que poderiam levar a dengue para outras pessoas. Então não há problema algum em cuidar de pessoas com dengue, a doença não se transmite por contato.

Os pesquisadores identificaram vários quatro tipos de vírus, todos eles provocando a mesma doença e nas mesmas condições de gravidade. Foram nomeados de subtipos 1,2,3 e 4, todos eles já circulam pelo Brasil. Esse números estão relacionados a capacidade de gerar imunidade. Então, quem já contraiu um sorotipo não se infecta novamente pelo mesmo sorotipo, mas ainda está apta a pegar os outros, ou seja uma pessoa pode ter dengue mais de uma vez.

Essa possibilidade de infecção múltipla é um grande problema, porque quando a pessoa já contraiu a doença por um sorotipo e se infecta de novo, por um sorotipo diferente, a doença é habitualmente mais grave.  Desse modo, o indivíduo pode ter dengue até quatro vezes.

Mesmo quando é a primeira vez que uma pessoa se contamina poderá desenvolver formas graves de dengue. Isso acontece porque o vírus, sem explicação fácil, assume um caráter de maior gravidade, na maioria dos casos.

Não há, até o momento, nenhum tratamento para a dengue. Apenas para alívio dos sintomas. A reidratação é muito importante. Deve-se aumentar a ingestão de líquido com água, soros caseiros e industrializados (preferencial), sucos e água de coco. Para alívio das dores e da febre pode se fazer uso de paracetamol e de dipirona. Outros anti-inflamatórios, como o ácido acetilsalicílico, é proibido, pois esses medicamentos podem aumentar o risco de hemorragias.

Se não há tratamento, o melhor é prevenir.  E a única prevenção contra a dengue é controlar o número do mosquito transmissor. Os mosquitos se proliferam em água limpa parada. Então, a dica é manter recipientes, como caixas d’água, barris, tambores tanques e cisternas, devidamente fechados. E não deixar água parada em locais como: vidros, potes, pratos e vasos de plantas ou flores, garrafas, latas, pneus, panelas, calhas de telhados, bandejas, bacias, drenos de escoamento, canaletas, blocos de cimento, urnas de cemitério, folhas de plantas, tocos e bambus, buracos de árvores, além de outros locais em que a água da chuva é coletada ou armazenada.

As larvas do mosquito são pouco resistentes, porém os seus ovos não, pois podem ficar ativos em lugar seco por cerca de 450 dias e ser reativado, quase que imediatamente, após o contato com a água. Portanto, o recipiente que continha a água parada tem de ser lavado com água e sabão, seguido de escovação.

Se você estiver em área epidêmica, como a Baixada Santista, ao sentir algum sintoma da dengue, procure um médico para avaliação e não faça uso de qualquer medicamento por decisão própria. Evite possíveis agravamentos da doença.

 Isadora Dias Ribeiro Santos – 5º semestre de Farmácia

Nenhum comentário:

Postar um comentário