O álcool pode aumentar, diminuir ou não alterar o efeito dos medicamentos, inclusive dos antibióticos, mas estamos falando de uma ou duas doses, no máximo. Mais do que isso, o álcool já traz prejuízos por si só. O consumo do álcool com medicamentos depressores do sistema nervoso central é totalmente contraindicado, porque essa ação será potencializada e a pessoa perde os reflexos e a capacidade de concentração. Ela estará exposta ao risco de um acidente e, no limite, entrar em situação de coma. Assim, não se deve fazer uso de álcool junto com ansiolíticos indutores de sono, antidepressivos, anticonvulsivantes também são depressores do sistema nervoso central. Inclua nessa lista os antialérgicos, que também induzem o sono.
Em relação aos antibióticos, há a falsa crença de que o álcool “corta o efeito” do antibiótico. Não é verdade, mas isso não significa que a bebida esteja liberada. O álcool tem poder diurético, além disso, o volume de bebida ingerida aumenta a quantidade de urina, favorecendo a eliminação dos medicamentos em geral. Com isso, o medicamento ficará menos tempo no organismo, podendo diminuir o efeito desejado. Temos de considerar também que o álcool aumenta o metabolismo do fígado e é nesse órgão que os medicamentos sofrem modificações para sua eliminação. Assim, com o fígado trabalhando mais, maior quantidade de medicamento é processada, reduzindo o efeito.
Alguns medicamentos, principalmente, antimicrobianos interferem no metabolismo do álcool, aumentando o efeito da ressaca a um nível perigoso. Nessa condição, os subprodutos do álcool, os aldeídos, permanecem mais tempo no organismo, produzindo efeitos deletérios no fígado e no organismo em geral. É o chamado efeito antabuse.
A capacidade de processamento do álcool pelo organismo é fixa. De uma forma genérica, podemos dizer que o organismo elimina uma dose de álcool por hora, não mais do que isso. Um lata de cerveja, um cálice de vinho ou uma dose de destilado se equivalem, mais do que isso, o álcool passa a se acumular no corpo, promovendo danos por si só e ao uso dos medicamentos em geral. Nessas festas, ao fazer uso de medicamentos, não pare de tomá-los e se quiser beber, o faça com a menor dose possível.
Professor doutor Paulo Angelo Lorandi
* Texto originalmente publicado no Jornal da Orla (dez. 2012)
Nenhum comentário:
Postar um comentário