A dengue, como todos sabem, é uma doença viral transmitida pela picada do
mosquito Aedes aegypti infectado. É considerada uma endemia em vários países da
América Latina, incluindo-se o Brasil. Ou seja, a dengue sempre apresenta casos
de infecção, em um caráter contínuo, nesses países. Em momentos de mais chuva, quando
aumenta o número de mosquitos, os casos de dengue podem aumentar,
caracterizando-se como epidêmica.
O
vírus responsável pela dengue apresenta pequenas variações individuais,
caracterizando-se em quatro subtipos diferentes, mas que apresentam o mesmo
quadro de doença. Um grande problema é que a imunidade derivada da doença é
específica para cada subtipo e, portanto em tese, poderemos ter quatro casos de
dengue ao longo da nossa vida, cada infecção será por um subtipo diferente.
Normalmente, as subsequentes infecções são mais graves, independentemente do
subtipo com qual o corpo foi infectado.
Não
há medicamento contra dengue, salvo o controle dos sintomas. Uma vez doente, é
necessário manter hidratação adequada e uso de paracetamol para amenizar a dor
e a febre. Além de aguardar o ciclo de desenvolvimento do vírus em nosso corpo.
Até o momento, o controle da doença é focado no controle do vetor, o mosquito
Aedes aegypti.
Mas
muito brevemente, isso irá mudar. No máximo em dois anos deverá ser lançada a
vacina contra a dengue. Uma única vacina múltipla capaz de gerar imunidade contra
os quatros subtipos do vírus. Três empresas estão desenvolvendo produtos
diferentes.
Uma delas já foi testada em crianças de cinco países
da América Latina. No Brasil, cinco centros de estudos diferentes participaram
dessa pesquisa. O estudo envolveu mais de 20.000 crianças, com idades entre 9 e
16 anos. Como toda pesquisa científica, o grupo foi dividido entre aqueles que
receberam a vacina (2/3 das crianças) e o placebo (1/3 do grupo). O grupo com
placebo é importante para se garantir que os resultados do medicamento superam
mecanismo naturais de controle da doença.
O
resultado foi considerado um sucesso, apesar da eficácia estimada para a vacina
ser de 60%. Nem todas as vacinas atingem o 100%. Mas o importante é o resultado
considerado na população como um todo, ao se conseguir controlar os números da
doença. A OMS propõe como desafio mundial a redução em 50% das mortes por
dengue até o ano de 2020.
Os
pesquisadores acompanharam essas crianças por 25 meses, analisando a presença
dos fatores de proteção imunológica em amostras de seus sangues. A vacina foi
aplicada em três doses, em intervalos de seis meses, pela via subcutânea, uma
pequena injeção abaixo da pele. Mas a eficácia na proteção não é a mesma para
os quatro subtipos de vírus.
Se
ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos
(CIM) do curso de Farmácia da UniSantos. O contato pode ser pelo e-mail
cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias,
300, 11015-002.
Prof.
Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP
(1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela UniSantos
(1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor
titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.
Texto originalmente publicado
no Jornal da Orla em 23/03/2015
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