As plantas são formadas por
misturas complexas de compostos químicos que podem variar consideravelmente
dependendo dos fatores ambientais e genéticos. Diferentemente de muitos outros
organismos vivos, emprega quantidade significativa de energia e nutrientes para
a produção de substâncias que não parecem ter papel importante para a
construção de sua estrutura. Alguns desses produtos têm funções ecológicas como
atraentes ou repelentes, pigmentos que dão cor a flores e frutos; outros
compostos têm função protetora contra predadores fornecendo os sabores amargos às
plantas, tornando indigesta ou venenosa. Há aqueles também envolvidos nos
mecanismos de defesa das plantas contra diferentes patógenos, atuando como
pesticidas naturais.
Pode-se observar, então, que elas
têm uma variedade de substâncias produzidas, com funções diferentes e muitas
vezes contraditórias. Nomeia-se como princípio ativo aquelas substâncias que
exercem efeito farmacológico conhecido em outro organismo, como o do ser humano.
A avaliação do potencial terapêutico das plantas e de alguns de seus constituintes,
tais como flavonoides, alcaloides, taninos, lignanas, entre outras, tem sido
objeto de incessantes estudos. Existem alguns sucessos como o uso da substância
rutina, usada no tratamento de varizes, que é extraída de vegetais como alho,
soja, vinho e tomate.
Algumas plantas podem causar
efeitos danosos ao organismo do indivíduo, como nas intoxicações. E podem ser usadas,
inclusive, como drogas de recreação. Porém, quando isolados, os princípios ativos
benéficos podem passar a ter utilização segura. Podemos ter como exemplo o
ópio, digitalis e a maconha, como são popularmente conhecidos.
O ópio é extraído da papoula,
nome popular do Papaver somniferum, conhecido há séculos, que provoca,
inicialmente, euforia seguida de propriedades sedativas e analgésicas. O uso
habitual leva à dependência química, física e intelectual. A depender da dose
utilizada, pode levar a morte. Com o avanço das pesquisas, seus princípios
ativos tornaram-se conhecidos e foram isolados, podendo alguns deles serem
utilizados com cautela e dentro de uma situação racional. Dentre eles temos a
codeína (antitussígeno), a narcotina (antitussígeno e espasmolítico) e a morfina
(analgésico). Por outro lado a heroína, extraída dela, tem um potencial de
dependência e efeito muito maior, sendo utilizada como droga de abuso.
Cannabis sativa é um arbusto
e seus efeitos medicinais e euforizantes são conhecidos há mais de 4 mil anos. Contém
aproximadamente 400 substâncias químicas, entre as quais se destacam pelo menos
60 alcaloides conhecidos como canabinoides. Eles são os responsáveis pelos seus
efeitos psíquicos e classificados em dois grupos: os canabinóides psicoativos e
os não-psicoativos, por exemplo, como o canabidiol que vem sendo estudado
apresentando efeitos farmacológicos favoráveis, sem apresentar os efeitos
adversos conhecidos pelo uso da maconha. Outro exemplo marcante é o da Digitalis
purpurea L. e a Digitalis lanata que foram a origem da descoberta de
medicamentos para o coração. Delas extrai-se glicosídeos cardiotônicos chamados
cardenolídeos, sendo os mais utilizados a digoxina.
Dentro desse parâmetro, é
importante a compreensão que as plantas podem apresentar inúmeros benefícios à
saúde, desde que usadas dentro de uma situação racional. Em alguns casos, o
limite entre atividade terapêutica e dependência química será bem estreito,
sendo necessário estudos aprofundados para retirada de princípios ativos que
possam trazer o benefício com menor dano.
Marina Maria de Oliveira – 9° semestre
do curso de Farmácia
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