Discussões
acerca do uso da maconha sempre causam polêmicas. A discussão atual é sobre a
liberação ou não de um medicamento produzido com um derivado da Cannabis, a maconha.
Como toda planta, a maconha é formada por muitas substâncias diferentes, mais
de 40 ao total, sendo que nem todas têm o mesmo efeito sobre o sistema nervoso
central. O efeito psicotrópico, alterando a forma de percepção e de
aprendizagem, é causado por uma substância denominada tetraidrocanabinol (THC).
O
canabidiol, outro componente, o qual é majoritário da maconha (40%), é o
princípio ativo do medicamento que está causando a polêmica atual, no Brasil.
Mas outras substâncias da planta, como o canabigerol e a tetraidrocanabivarina,
também estão sendo estudadas, buscando-se possíveis efeitos terapêuticos.
O
canabidiol, recentemente nos EUA, recebeu o status de “medicamento órfão”, ou
seja, aquele destinado às doenças raras, na qual a síndrome de Dravet se
encaixa. Essa síndrome apresenta-se com crises epiléticas frequentes, de
difícil controle com os medicamentos usualmente disponíveis. Mas a segurança do
medicamento ainda não está definida, pois ainda está em estudo. Recentemente,
iniciou-se uma pesquisa multicêntrica com seis grupos no mundo, realizando-se a
investigação em 150 pacientes voluntários.
Usar
um derivado da maconha, não significa apologia ao seu uso. Várias substâncias
medicamentosas são derivadas de plantas que já foram usadas de forma irregular.
Uma bastante conhecida é a morfina, um potente e importante analgésico,
derivada do ópio. Essa planta chegou a provocar guerras entre a China imperial
e a Grã-Bretanha, há muito tempo atrás. Ao fumar o ópio, a pessoa passa a não
reagir, tornando-a dependente e condutível. Os mandarins chineses acusaram os
ingleses de vender a droga para enfraquecer o seu povo dominando-o mais
facilmente e ganhando muito dinheiro.
Alguns
estudos têm sugerido outros possíveis efeitos terapêuticos para o canabidiol. Doença
de Parkinson, Alzheimer, isquemia cerebral, diabetes, náusea, câncer, artrite
reumatóide e outras doenças inflamatórias são possíveis usos que estão sendo
estudados. São pesquisas introdutórias conduzidas pelo mundo acadêmico, ainda
muito longe de efetivos produtos comerciais. As taxas de sucesso efetivo das
pesquisas são baixas. Essa é uma das razões para muita informação
sensacionalista divulgada quando dizem a cura para essa ou aquela doença foi
alcançada, mas que de fato não se realizam.
Prof.
Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP
(1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos
(1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor
titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.
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