domingo, 7 de junho de 2015

Novas perspectivas no tratamento da hepatite C

A hepatite C é uma doença viral, causada pelo VHC. Estima-se que há mais de 200 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo, correspondendo a mais de 3% de toda a população mundial. O tratamento é de custo elevado, tem alta mortalidade em sua forma terminal. Sua prevenção e controle são complexos, o que leva a uma busca incessante por cura, tratamentos eficazes e mais acessíveis, entre outras ações.


Nos últimos dias, os noticiários propagaram a descoberta de uma nova função para o antialérgico clorciclizina. Segundo descobertas recentes divulgadas na revista médica Science Translational Medicine, este antialérgico seria um inibidor potente da infecção por VHC. Neste estudo o efeito antiviral foi sinérgico com outros fármacos de uso consolidado como ribavirina, interferon alfa, telaprevir, etc. Não apresentou citotoxicidade, ou seja, o potencial que a substância tem de causar dano a célula do próprio organismo.

Apesar do quadro promissor é preciso frisar que os testes ainda se encontram em fase inicial, todos esses resultados foram obtidos em ratos e não seres humanos. Para uma medicação ser aprovada ela segue um longo caminho até chegar à prateleira de uma farmácia. Após os testes em ratos, seguirá para os ensaios clínicos que envolvem, numa primeira etapa – Fase I, a avaliação da tolerância/segurança do medicamento, em um número restrito de voluntários sadios; a partir de resultados satisfatórios nesta primeira etapa, passa-se a uma segunda etapa – Fase II – onde são realizados testes em voluntários portadores da patologia, ainda em número restrito, para avaliar a eficácia terapêutica; o sucesso nesta fase permite que se passe à Fase III, onde são realizados estudos terapêuticos ampliados, para determinação do risco-benefício do tratamento. Na fase IV acompanha-se o produto já no mercado.

Como visto pelo tamanho do processo, apesar do fármaco ser promissor, ainda levará anos para que seja colocado à venda, requerendo então que olhemos com crítica para esse alarde que se cria. É importante ressaltar que a automedicação deve ser sempre evitada, e principalmente diante de um quadro como hepatite C e um medicamento em fase precoce para a aprovação.

Marina Maria de Oliveira - 9º semestre do curso de Farmácia

Referências:

CARVALHO, A.C et al.Perfil genotípico da hepatite c em um laboratório público do estado do Piauí. R. Interd. v. 7, n. 3, p. 55-60, jul. ago. set. 2014. Disponível em: <http://revistainterdisciplinar.uninovafapi.edu.br/index.php/revinter/article/view/296/pdf_137> Acesso em: 17 de Abr de 2015.

LIN, B. et al. Repurposing of the antihistamine chlorcyclizine and related compounds for treatment of hepatitis C virus infection. Sci Transl Med 8 April 2015:Vol. 7, Issue 282, p. 282ra49. Disponível em: < http://stm.sciencemag.org/content/7/282/282ra49> Acesso em: 16 de Abr de 2015.

QUENTALL, C.; SALLES, S.F. Ensaios clínicos: capacitação nacional para avaliação de medicamentos e vacinas. Rev. bras. epidemiol. vol.9 n.4 São Paulo Dec. 2006. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1415790X2006000400002&script=sci_arttext&tlng=en> Acesso em: 16 de Abr de 2015

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