A
lipodistrofia ginoide, ou celulite, pode causar incômodo em muitas pessoas,
principalmente nas mulheres. É uma condição dermatológica que pode acometer
qualquer mulher após a puberdade. Sua causa ainda é indefinida. Supõe-se que
uma das delas seja a má-circulação local, tanto sanguínea quanto linfática,
gerando processo inflamatório e edema (inchaço) na região. Outra possível causa
é a própria flutuação hormonal feminina. Por isso, até certo limite, não é
considerada doença, apenas como alteração estética.
Algumas
condições parecem aumentar a incidência. Roupas apertadas, tabagismo, bebidas
alcoólicas, hipertensão, obesidade, o avanço da idade, sedentarismo, dentre
outras, são situações que favorecem o aparecimento da celulite. Pode se
apresentar em quatro níveis: a) aparente somente por exames laboratoriais do
tecido local; b) aparente quando o músculo se contrai ou por apalpação; c)
visível , com a aparência de “casca de laranja, sem a contração muscular; d) existência
de nódulos e pode apresentar dor.
Existem
muitas propostas terapêuticas e estéticas para a celulite, porém nenhuma delas
com comprovação científica suficiente para que seja adotada como definitiva.
Alguns estudos com derivados de vitamina A e cafeína em aplicação tópica têm
demonstrado efeitos limitados. Essas substâncias podem melhorar a aparência da
pele, porém não teriam ação profunda, não alterado a causa básica do
aparecimento da celulite.
A
mesoterapia, que é a aplicação de substâncias ativas diretamente no local, apesar
de ser uma prática aceita em alguns países, é contraindicada pelo Conselho
Federal de Medicina. A fosfatidilcolina e tiratricol, substâncias normalmente
utilizadas nessa estratégia, são proibidas, no Brasil, pela Anvisa. A
fosfatidilcolina é uma substância com diversas funções fisiológicas, mas seu
uso indiscriminado por via subcutânea por causar graves processos inflamatórios
e processos infecciosos secundários, devidos à aplicação. Os EUA, por meio da
FDA, não autorizam o uso estético para a fosfatidilcolina. Do mesmo modo, essa
agência proíbe o uso de tiratricol desde 1999.
Algumas
terapias, utilizando-se de energias térmica, luminosa, sonora e mecânica, são bem
utilizadas. Aparentam alguma melhora, no mínimo estética, mas não tem estudos
científicos bem estruturados que garantam uma eficácia de longo prazo e nem de
que possam ser reproduzidos pelos diferentes tipos de equipamentos ou por
técnicas de aplicação.
Prof.
Dr. Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP
(1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela UniSantos
(1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor
titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.
* Texto
publicado originalmente em 9 de setembro de 2015 pelo Jornal da Orla.
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