transtorno de déficit
de atenção e hiperatividade (TDAH). É uma doença em que a criança não consegue
se concentrar muito tempo sobre uma mesma coisa. Qualquer outra atividade
desvia sua atenção. Além disso, a criança fica irrequieta, não para em lugar
algum, mexe em tudo. Apesar de ser, de fato, uma doença, acredita-se que seu
diagnóstico tenha se banalizado no mundo todo. Há de se ter em conta que esses
mesmos sintomas podem ser fruto do tipo de educação comum nos dias de hoje,
quando não se tem limite e as crianças são estimuladas excessivamente pelos
pais, pela TV, pelos jogos, etc.
E o
mundo todo está preocupado com o uso indevido da substância metilfenidato. Quando
usado corretamente, é um medicamento seguro, mesmo sabendo-se que toda
substância sempre provoca reações adversas. Porém, um dado preocupante é que,
entre 2009 e 2011, no Brasil, sua dispensação regular aumentou cerca de 25%. E,
nesse mesmo período, houve aumento de 75% no consumo se considerarmos apenas as
crianças com idade entre 6 e 16 anos. Esses dados oficiais são do sistema
nacional de controle, da Anvisa.
Segundo
o boletim da agência de medicamentos, há redução de consumo nos meses de férias
e aumento no segundo semestre. Uma possível explicação é que esse medicamento
tende a ser usado como controle do estado excessivamente estimulado das
crianças dos dias de hoje, às vezes, erroneamente diagnosticadas com TDAH. Por
isso, o metilfenidato chega a receber a denominação de “droga da obediência”.
Por
outro lado, esse medicamento também é usado de outra forma inadequada. Em
princípio, por sua capacidade estimulante, o metilfenidato mantém o estado de
vigília, aumentando a capacidade de concentração. É uma substância muito procurada
pelos jovens. Agindo de outro modo, provoca os mesmos efeitos da cocaína e da
anfetamina. Estima-se que mais de 5% dos universitários americanos façam uso
dessa substância.
Um
estudo francês demonstra a necessidade de um complexo controle sobre o consumo
desse medicamento, quer seja pela prescrição indevida, quer seja pelo uso
inadequado. No Brasil, a Anvisa considera que esse medicamento tem sido
prescrito por profissionais não especialistas no assunto, o que poderia se
apresentar como um fator de problema. Já um estudo brasileiro demonstra maior
divulgação por parte da indústria farmacêutica para além dos profissionais da
saúde, o que poderia gerar uma pressão pelo seu maior consumo.
O
metilfenidato, quando usado por muito tempo, ou de forma abusiva, pode provocar
problemas cardiovasculares e transtornos psicóticos de certa gravidade.
Prof.
Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências
Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em
Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação
(Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da
Farmácia Homeopática Dracena.
*Texto
publicado originalmente pelo Jornal da Orla no dia 25 de julho de 2015.
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